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Maio Roxo: por que precisamos falar sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais?

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Autor: Mardem Machado*

Durante o mês de maio, a cor roxa nos convida a refletir sobre algo que pode parecer invisível, mas impacta profundamente a vida de quem convive com ela: as Doenças Inflamatórias Intestinais, também conhecidas como DII. Esse grupo de doenças envolve inflamações crônicas do sistema digestivo que precisam de atenção, diagnóstico precoce e acompanhamento médico especializado.

As duas principais formas de DII são a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. Ambas afetam o intestino, mas de maneiras diferentes. O Crohn pode atingir qualquer parte do trato digestivo, desde a boca até o reto, enquanto a retocolite é restrita ao intestino grosso e reto. As inflamações provocadas por essas doenças podem causar sintomas intensos e frequentes, afetando a qualidade de vida, a rotina e até a saúde emocional dos pacientes.

Entre os principais sintomas, estão:

– Diarreia persistente, muitas vezes com sangue
– Dor abdominal que não passa
– Sensação de cansaço extremo
– Perda de peso sem explicação
– Sangramento nas fezes

Esses sinais não devem ser ignorados. Mesmo que apareçam de forma leve ou intermitente, merecem avaliação. Muitas pessoas passam anos convivendo com esses sintomas sem um diagnóstico adequado, o que pode atrasar o início do tratamento e trazer complicações.

Ainda não se sabe exatamente por que as DII surgem. O que sabemos é que há uma combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais. Estresse, alimentação desequilibrada, infecções intestinais e tabagismo também estão entre os elementos que podem agravar ou desencadear os quadros.

O diagnóstico costuma ser feito com base em exames laboratoriais, de imagem e, principalmente, com a realização de uma colonoscopia com biópsia, que permite visualizar diretamente o intestino e colher amostras para análise.

Apesar de não haver cura definitiva, o tratamento das DII evoluiu muito. Hoje, contamos com medicamentos que controlam a inflamação, como anti-inflamatórios, imunossupressores e as terapias biológicas. Em alguns casos, quando há complicações, pode ser necessário recorrer a cirurgias.

O mais importante é saber que, com o diagnóstico certo e o acompanhamento adequado, é possível levar uma vida ativa, saudável e com qualidade. O segredo está na informação, na escuta ao corpo e na busca por atendimento especializado.

No Maio Roxo, meu convite é: não normalize sintomas persistentes. Dor constante, alterações nas fezes e cansaço extremo não devem ser parte da rotina. Quanto antes investigarmos, melhor será o controle da doença e a chance de viver bem, mesmo com um diagnóstico de DII.

*Dr. Mardem Machado é coloproctologista com foco em Doenças Inflamatórias Intestinais, professor da UFMT e diretor do IGPA.

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O Dia das Mães: A luta por igualdade no trabalho!

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Autora: Jacqueline Cândido de Souza*

Em meio a homenagens e celebrações, o Dia das Mães nos convida a um olhar mais profundo sobre a realidade da mulher no mercado de trabalho. Afinal, a maternidade, essa experiência transformadora, frequentemente se torna um divisor de águas carregado de desigualdades persistentes que ecoam por toda a trajetória feminina.

Não falamos apenas de licença-maternidade ou acesso a creches — direitos importantes que, embora representem avanços, ainda são paliativos em um sistema que estruturalmente desfavorece a ascensão feminina. Falamos da sutil (e nem tão sutil) desvalorização salarial que acompanha as mulheres ao longo de suas carreiras, da baixa representatividade em cargos de liderança onde suas vozes e perspectivas são cruciais, e do peso desproporcional das responsabilidades familiares, que culturalmente ainda recai sobre os ombros femininos, limitando seu desenvolvimento profissional.

Essas desigualdades não são narrativas abstratas. Os números escancaram essa realidade: segundo o IBGE, mães com filhos de até três anos recebem, em média, apenas 57,8% do rendimento dos homens na mesma situação. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou um dado alarmante: quase 50% das mulheres são demitidas até dois anos após retornarem da licença-maternidade. E mesmo quando permanecem empregadas, muitas enfrentam estagnação em suas carreiras ou são deslocadas para funções de menor responsabilidade. Além disso, de acordo com o Instituto Ethos, apenas 13,6% dos cargos executivos nas 500 maiores empresas do Brasil são ocupados por mulheres — e esse número é ainda menor quando se trata de mulheres com filhos pequenos.

A busca por igualdade na jornada de trabalho não é uma pauta exclusiva das mães; é uma luta coletiva de todas as mulheres que almejam um espaço justo e equitativo no mercado. Contudo, o Dia das Mães escancara a urgência dessa pauta, revelando como a maternidade pode acentuar desigualdades já existentes. Quantas mulheres talentosas veem suas carreiras estagnadas, seus potenciais subutilizados, simplesmente por serem mulheres – e, tantas vezes, por ousarem ser mães?

O Direito, embora avance com legislações que visam proteger a maternidade e coibir a discriminação, ainda patina diante de práticas enraizadas, vieses inconscientes e culturas organizacionais que nem sempre acolhem as particularidades da jornada feminina. É preciso mais do que leis no papel: urge uma mudança cultural profunda nas empresas e em toda a sociedade, desconstruindo estereótipos e promovendo uma mentalidade de equidade genuína.

Que esta data não seja marcada apenas por flores, presentes ou almoços especiais. Que ela seja um catalisador de reflexão e, principalmente, de ação. Que a celebração da vida e do amor materno nos inspire a construir um mercado de trabalho mais justo, igualitário e verdadeiramente inclusivo para todas as mulheres, em todas as fases de suas vidas e carreiras.

A igualdade não é um favor: é um direito humano fundamental. E sua plena conquista talvez seja o presente mais valioso que podemos oferecer às mulheres — e, por consequência, a toda a sociedade.

*Jacqueline Cândido de Souza é advogada e servidora pública dedicada, engajada na defesa dos direitos das mulheres e na promoção da igualdade de gênero.

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