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Visão 360º

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Autor: Francisney Liberato*

Ter uma visão macro dos recursos e gastos é necessário para uma vida salutar sob o ponto de vista financeiro.

Ter eficiência na hora de planejar, organizar e utilizar as receitas é de suma importância para uma boa e regular educação financeira. Para isso, é necessário estudar os gastos indispensáveis para ter uma vida de acordo com o que desejamos.

Na contabilidade, aprendi que devemos lançar todos os bens, direito, obrigações, receitas e despesas no sistema contábil. Qual é a finalidade disso? É termos uma contabilidade real e correta, não criativa, fraudulenta ou manipuladora.

Duvido que você investiria em uma empresa que não apresentasse os seus balanços e demonstrações contábeis de forma correta. Deve haver transparência sobre todos os atos e fatos contábeis, ou seja, sobre tudo o que acabei de mencionar.

Além da transparência, é necessário avaliar os nossos custos, despesas e investimentos pelos custos versus benefícios. Será que realmente tudo o que estou gastando na minha vida vale a pena? É possível economizar? Posso reordenar as minhas despesas para outras áreas da minha vida? Por que gasto o que gasto? Isso é uma avaliação entre os custos disso para sua vida, em comparação com os benefícios que isso lhe proporciona. Em outras palavras, gastar com diversas assinaturas de aplicativos de streaming ou ir ao cinema uma vez por mês?

Quando se fala em custo, é o dispêndio utilizado para formar um produto. As despesas estão relacionadas à manutenção administrativa. Já os investimentos, são aplicações e aquisições de bens. E o que significa gastos? É o nome genérico para as espécies: custos, despesas e investimentos. Em suma: são saídas de recursos do seu patrimônio.

A ideia teórica aplicada em uma determinada empresa vale também para a vida pessoal. Utilizando-se desse rigor, é bem provável que você terá mais sucesso na sua saúde financeira.

A você, empresário ou autônomo, cuidado para não misturar as suas receitas, despesas e patrimônio da entidade ou da sua atividade com as receitas, despesas e patrimônio da sua vida particular. Na contabilidade, dá-se o nome de princípio da entidade, ou seja, é necessário diferenciar o patrimônio particular no universo do patrimônio da empresa ou da atividade laboral autônoma, independentemente de pertencer à mesma pessoa.

Partindo dessa premissa, o que recomendo a você para que tenha uma excelente saúde financeira é levantar todo o seu patrimônio, receitas e despesas. Feito isso, deve-se separar o que é da sua empresa ou da atividade laboral da sua vida pessoal e particular.

Fazendo isso, agora, com o foco na gestão financeira pessoal, é indispensável que anotemos todas as receitas: salário, bonificações, 13º salário, férias, seguro-desemprego, freelance, recursos extras etc. Também que avaliemos e reavaliemos todos os nossos gastos, isto é, custos, despesas e investimentos. Se possível, separá-los por grupos de despesas.

Vamos lá! Pense na sua vida: passado, presente e futuro. O quanto preciso gastar para gozar de uma vida legal para mim e para minha família? Quais gastos são necessários? O que é possível cortar de gastos? É possível ampliar os meus gastos? Entendeu a dinâmica?! Qual é a sua visão dos 360º dos seus gastos?

Vou indicar alguns gastos necessários pensando em toda a nossa vida. As categorias são flexíveis a depender da sua necessidade e familiaridade:

– Contas da casa: aluguel, condomínio, água, energia, telefone, internet, material de limpeza etc.;
– Alimentação: comidas e bebidas, fast food;
– Farmácia: remédios e suplementos;
– Transporte: valor das passagens de ônibus, combustível;
– Educação e qualidade de vida: faculdade, escola, aula de inglês, academia, aula de judô etc.;
– Assinaturas mensais: Sky, Net TV, plataformas de streaming como Netflix, Prime Vídeo, HBO Max, Spotify e outros.
– Lazer: passeios, viagens, shopping, parques, teatro, filme;
– Despesas pessoais: lanche na rua, material de consumo etc.;
– Vestuário e beleza: roupas, acessórios, maquiagem, cosméticos, salão de beleza etc.;
– Saúde: plano de saúde e odontológico;
– Impostos: IPTU, IPVA e outros;
– Eletrônicos: celulares, tablets, caixas de som, instrumentos musicais etc.;
– Produtos para pets: caminha, casinha, roupas, brinquedos, petiscos etc.;
– Dívidas: parcelamentos, consignação etc.;
– Investimentos: aplicação em renda fixa e variável, imóvel etc.;
– Doação: sempre é importante ajudar o próximo;
– Futuro: plano privado de aposentadoria, mensalidade para serviços funerários e de cemitério.

Chamo a atenção para o grupo de gastos do “Futuro”, pois muitos não dão a devida importância a isso, e quando chega lá, as necessidades aparecem e os recursos são inexistentes. Qual é a consequência disso? Não ter acesso a esses recursos, gastar mais do que pode, tomar dinheiro emprestado e assim sucessivamente.

Há vários métodos para dividir as suas despesas fixas e variáveis. A ideia é visualizar de forma geral como estamos usufruindo os nossos recursos. Vou apresentar um método conhecido e útil para nossa vida.

Método 50-30-20: subdividir os nossos gastos nos percentuais informados, sendo 50% para as despesas fixas e essenciais; 30% para despesas variáveis, gastos que não são necessários e 20% para reserva financeira e projetos, ou seja, o dinheiro que você irá poupar.

Por que precisamos categorizar os gastos? Porque é necessário entender melhor esse processo, organizar, controlar e gerenciar melhor os recursos da nossa vida.

Tenha a visão 360º da sua vida financeira!

*Francisney Liberato é Auditor do Tribunal de Contas. Escritor. Palestrante. Professor. Coach e Mentor. Mestre em Educação. Doutor Honoris Causa. Bacharel em Administração, Bacharel em Ciências Contábeis (CRC-MT) e Bacharel em Direito (OAB-MT). Membro da Academia Mundial de Letras.

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Saudade, fonte que nunca seca…

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Autora: Valéria del Cueto*

Cada um com seu cada qual. Mas, como dizia Mestre Marçal, “tudo junto e misturado“. E foi comendo pelas beiradas enquanto o mingau esfriava que o Rio ganhou dois representantes legítimos do samba e da carioquice.

Para falar de Monarco, da Portela, e Nelson Sargento, da Mangueira, é preciso saber o significado da expressão “beber na fonte”. Se enredar nos fios de afetos e resistência que, entremeados, teceram histórias, rebordaram sonhos e criaram fantasias interligadas por uma de nossas maiores expressões populares musicais, o samba.

É preciso ser atraído pela energia irresistível do saber carnavalesco como ponto de convergência e vivência comunitária. Entender o significado dos fundamentos de uma escola. De samba. Sentir no peito e deixar seu corpo ser dominado pelo pulsar de uma batucada.

E se, num desses momentos inebriantes, você cantarolar versos como “Samba, agoniza, mas não morre, alguém sempre te socorre…”, ou “…Agora, uma enorme paixão me devora, a alegria partiu, foi embora. Não sei ficar, sem teu amor…”, esteja seguro que você está apreendendo e repassando costumes e lições de dois griôs.

Eles, os guardiões de saberes ancestrais. Passados e ressignificados entre as gerações que circulam pelas ruas dos subúrbios, vielas e becos das favelas da cidade. As que se encontram e se interligam fortalecendo esse tramado único que podemos chamar de identidade do carioca.

Oriundos de diferentes lugares da cidade, se estabeleceram e conviveram com personalidades exponenciais de suas comunidades, pelas quais sempre declararam paixão incondicional e, sim, beberam na fonte!

Ao fazê-lo, por meio de seus talentos inerentes e desde cedo reconhecidos, se tornaram protagonistas da incrível epopeia suburbana do Rio de Janeiro. As cores de um, o azul e o branco, as do outro, o verde e rosa.

Se não são crias, foram criados nos terreiros de chão batido que mais tarde, depois de cimentados, passariam a ser as quadras de suas agremiações. Nelas, testemunharam o florescimento das comunidades que abraçaram com tanto amor.

Hildemar Diniz, em Oswaldo Cruz, depois de ganhar o apelido de Monarco ainda criança, de passagem por Nova Iguaçu, nasceu em Cavalcante. Nelson Mattos, que do exército levou a alcunha Sargento, na Mangueira, vindo do morro do Salgueiro, nasceu na Praça XV.

Mais distante do centro da cidade, Monarco conviveu com Paulo da Portela, Alcides, Manacéia e Chico Santana. Nelson Sargento, ao lado da Quinta da Boa Vista, na primeira estação do trem, com Alfredo Português, Cartola, Carlos Cachaça e Geraldo Pereira.

Um elo em comum entre os dois bambas é Paulinho da Viola. Foi produtor, em 1970, de “Portela passado de Glória” o primeiro disco da Velha Guarda portelense, já presidida por Monarco. Dele, disse o mangueirense Nelson Sargento: Dois ídolos. Cartola e Paulinho da Viola, o resto são meus amigos.

Quitandeiro, leva cheiro e tomate

Pra casa do Chocolate que hoje vai ter macarrão…

Monarco e Paulo da Portela

Oh! primavera adorada, inspiradora de amores.

Oh! Primavera idolatrada, sublime estação das cores…

Nelson Sargento, Alfredo Português e Jamelão. Samba enredo da Mangueira em 55.

Os dois tiveram o privilégio de compor com seus mentores, mas apenas Sargento venceu samba-enredo em sua escola, a Mangueira, apesar de Monarco ter participado de disputas na Portela, a última em 2007, com seu filho Mauro Diniz e outros parceiros.

Em compensação a cada esquenta, antes da pista da Sapucaí virar o rio que passa por nossa vida, o samba que compôs ainda garoto, “Retumbante Vitória” (depois rebatizado como “O passado da Portela”), leva às lágrimas e acelera o coração pulsante de quem desfila ou assiste a passagem da escola.

Nem sempre conseguiram viver da excelência da arte que praticavam. Monarco guardou carros, foi feirante e contínuo. Nelson Sargento, pintor de paredes. Cacá Diegues, o cineasta, dizia que ele fez em sua casa “a pintura mais longa da história da arquitetura”. Já reconhecido mostrou sua versatilidade artística na literatura e nas artes plásticas, além de ser um ator premiado.

Ligados às suas raízes foram membros e, depois, presidentes de lendárias Velhas Guardas, grupos musicais compostos por pastoras, cantores e compositores das escolas de samba.

Também receberam o reconhecimento que lhes era devido ao serem escolhidos Presidentes de Honra de suas agremiações. Por relevância e merecimento reverenciados nos encontros do povo do samba.

Juntos participaram do espetáculo “Apoteose do samba: 90 anos do Sargento – com Monarco e Nelson Sargento”, escrito e apresentado por Ricardo Cravo Albin. Na ocasião, Nelson disse que passou a se considerar “imortal do samba”. Ele já sabia…

Os ícones da Portela e da Mangueira partiram nesses tempos difíceis.

Para não ficar no vácuo das saudades o jeito é virar o jogo imaginando com quem estão agora (certamente em bom lugar). Na companhia de outros bambas que já por lá se reuniam para pagodes celestiais!

Por eles foram recepcionados, junto a outros sambistas que perderam a vida nesse período da pandemia. Tantos que é melhor nem tentar nomeá-los sob o risco de cometer a injustiça de algum esquecimento.

Sim, merecidamente, como alguns dos outros que partiram, receberam flores em vida (como pedia Nelson Cavaquinho), reconhecidos e reverenciados por serem exemplos às novas gerações que, assim como eles, continuarão bebendo na fonte. Aquela, sobre a qual Candeia já versava…

“O sambista não precisa ser membro da academia

É natural da sua poesia

O povo lhe faz imortal”

*Valeria del Cueto é jornalista, fotógrafa e, uns 500 textos depois, acha que um dia ainda será lembrada como cronista. Do carnaval e da vida. Para isso conta com a sorte! Como a de ter o privilégio de receber a honrosa missão de bordar palavras sobre ídolos que fizeram parte da história do Samba. Da série “É carnaval”.

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