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SURTO ALARMANTE DE DENGUE

“Comodismo da população, e 80% dos focos criadouros do inseto estão dentro das casas”

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Passada a catástrofe da Covid-19, uma nova epidemia atinge o Brasil: a doença da vez é a dengue, velha conhecida nossa. Em apenas dois meses deste ano, janeiro e fevereiro, o número de casos suspeitos da doença já passou de um milhão, com 214 mortes confirmadas e outras 687 em análise. Em 2023 inteiro, houve 1,7 milhão de casos de Dengue em todo o país.

A dengue é uma doença infecciosa, cujo vírus é transmitido pela picada do pernilongo Aedes aegypti. Ele se contamina ao picar alguém doente, e transmite a doença ao picar uma pessoa sã. A forma mais efetiva de combater a dengue é agir para eliminar o mosquito transmissor, que se reproduz em água parada (mesmo em pequenas poças, como na base de um vaso de plantas). A atual onda de calor, somada às chuvas comuns no verão, fazem deste período o ideal para a eclosão dos ovos que a fêmea do mosquito deixa nas poças.

Os principais sintomas da dengue são uma febre alta repentina, dores musculares pelo corpo, cansaço e dor de cabeça (em particular, atrás dos olhos). Na ocorrência dos sintomas, é importante ir a um atendimento médico o quanto antes. Os casos totalizados são “suspeitos” porque, mesmo quando há os sintomas, a doença só é comprovada por exame de sangue, cujo resultado pode demorar alguns dias.

A Dengue pode matar porque, em casos graves, provoca hemorragia interna (com queda da pressão arterial e insuficiência circulatória aguda). Pode também reduzir as defesas do organismo, deixando-o vulnerável a infecções fatais.

Circulam no Brasil quatro tipos (cepas) de vírus da Dengue, identificados pelos números 1, 2, 3 e 4. Quem já se contaminou com um dos tipos, fica imune para aquele tipo, mas não para os demais. A cepa predominante na atual onda é a 3, para o qual grande parte das pessoas não tem defesa, o que indica uma forte possibilidade de agravamento da epidemia.

Zika e Chikungunya

A disseminação atual do Aedes aegypti é ainda mais alarmante pois o mosquito transmite, ou seja, atua como vetor, outras doenças muito graves além da dengue: a Zika e a Chikung.

Causada por um vírus, a Zika é assintomática na maior parte dos casos, mas pode ter sintomas semelhantes aos da Dengue. O que mais preocupa, porém, são as contaminações de Zika em grávidas. O vírus pode provocar a morte do feto e o aborto, a microcefalia do bebê (malformação em que o cérebro do feto não se desenvolve adequadamente na gestação) ou outras complicações neurológicas. Após uma epidemia entre 2015 e 2017, os registros de Zika diminuíram no país: em 2023, ficaram um pouco abaixo de 8 mil casos.

O vírus da Chikungunya foi isolado pela primeira vez nos anos 1950, na África. Há quatro cepas de vírus do gênero Alphavirus, transmitido pelo mosquito Aedes albopictus, além do Aedes aerypti. A doença provoca febre alta, dor intensa nos músculos e nas articulações, dor de cabeça, manchas vermelhas na pele e conjuntivite. É raro a Chikungunya levar à morte, mas os infectados podem ter inflamação e dor nas articulações durante meses ou até mesmo para sempre. A Chikungunya chegou ao Brasil em 2014. Em 2023, ocorreram mais de 5,5 milhões de casos e foram notificadas 5 mil mortes em todo o mundo.

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Casos em 2024

O Brasil teve o maior número de casos de dengue relatados nas Américas nas primeiras quatro semanas de 2024, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O país atingiu 262.247 ocorrências no período analisado. A região notificou 373.709 casos totais da doença, dos quais 132.558 foram confirmados e 258 evoluíram para casos graves. Até o momento foram registradas 57 mortes.

Já no começo de março deste ano, o Ministério da Saúde divulgou números ainda mais alarmantes. O Brasil registrou 1.318.336 casos prováveis de Dengue, e contabilizou 343 mortes confirmadas pela doença somente em 2024. Ainda estão sob investigação outras 775 mortes possivelmente relacionadas com a Dengue.

Os números reforçam a importância de políticas de prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti, como o descarte adequado de lixo, o uso de repelentes e a eliminação de possíveis focos de proliferação do mosquito em casa, para evitar a disseminação de doenças como Dengue, Chikungunya e Zika.

Casos em Mato Grosso

Gilberto Figueiredo, secretario de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES/MT), disse que é “alarmante” o comportamento da população mato-grossense no combate ao mosquito Aedes Aegypti, que transmite a Dengue, Zika e a Chikungunya. E que 80% dos focos criadouros do inseto estão dentro das casas das pessoas e nas caixas d’água e tem sido ineficiente as ações de combate devido ao comodismo da população.

Se a população fica acomodada e não faz a sua tarefa, pode construir milhões de hospitais que não dão conta. Então a população precisa sair da acomodação e fazer a sua parte. É alarmante o comportamento da população, e hoje, 80% dos focos do mosquito da Dengue estão nas caixas d’água e dentro dos lares das pessoas”.

Nos três primeiros meses de 2024, o Estado de Mato Grosso registrou 10 mortes por Dengue, e 3.225 casos de infecção. Hoje, a cidade de Tangará da Serra é uma das mais afetadas pela epidemia. Foram 3 mortes confirmadas por Dengue e uma por Chikungunya.

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O secretario de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES/MT), Gilberto Figueiredo, diz que embora sejam muitos os registros, o caso de Mato Grosso ainda não é alarmante como em outros estados. Gilberto diz que as vacinas compradas pelo Governo Federal foram poucas e por isso foi preciso priorizar estados com surtos de Dengue mais graves.

O Ministério da Saúde fez a aquisição da vacina numa quantidade que dá para vacinar 1% da população e precisou priorizar os estados mais colapsados, o que não é o caso, graças a Deus, de Mato Grosso. Não existe vacina a curto prazo disponível, muito provavelmente só no final do ano. E não há nada de errado nisso”.

A vacina nem se chegasse agora seria uma solução para os problemas do momento, porque ela é em duas doses, com 60 dias de intervalo. Então, o efeito prático não iria acontecer. O que a população precisa neste momento é fazer a sua parte: limpar os terrenos e as caixas d’água”.

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Destaques

TCE destacou a importância do consenso em prol da Saúde Pública

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Cuiabá é o município sede da Baixada Cuiabana e é referência em muitos serviços de saúde de média e alta complexidade, para todo o Estado de Mato Grosso, porém não vem recebendo do Estado de Mato Grosso o necessário apoio financeiro para tanto. Outrossim, resta demonstrado, que Cuiabá atende em sua rede própria mais de 41% de pacientes do interior do Estado”.

Segundo a Prefeitura Municipal de Cuiabá, desde o ano de 2020, vem arcando sozinha para manter em funcionamento os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC). O recurso deveria ser repassado ao Município pelo Governo do Estado de Mato Grosso, mas no referido período não houve o cumprimento desta obrigação.

O clima não era bom, e quem estava na ponta da linha, “a população”, sem ter culpa nenhuma, vinha sofrendo com todos os acontecimentos relacionada a Saúde Publica Municipal. Uma ação em questão chegou de ser protocolada pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPE) após uma provocação do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed-MT).

Na ocasião, o procurador-geral do Ministério Público de Mato Grosso (MPE), José Antônio Borges, solicitou que a Justiça determinasse a intervenção do governo estadual na Saúde da Capital e na Empresa Cuiabana de Saúde Pública, e que determinasse também uma intervenção do Governo do Estado na Secretária Municipal de Saúde de Cuiabá (SMS).

O pedido abordou uma série de denúncias e reivindicações da classe médica. Entre elas, a realização de concursos públicos, o fim da precarização de condições de trabalho, utilização de cargos públicos para apoio político, escalas incompletas e que não são publicadas no Portal da Transparência, diminuição de vagas nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Policlínicas e episódios de assédio moral.

Entre idas e vindas, a Saúde de Cuiabá vivia um clima de guerra entre as lideranças políticas. Acordos e Termos de Ajustamento de Condutas (TAC), foram assinados para que o impasse entre as partes tivessem um final feliz.

Mediação do TCE acaba com retenção de repasses

Mas uma vez parece que teremos um final feliz na Saúde de Cuiabá, uma mediação do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE/MT), Prefeitura Municipal da Cuiabá e Governo do Estado de Mato Grosso, firmaram acordo para a continuidade dos atendimentos no Hospital São Benedito e no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC). Mais um termo de compromisso foi assinado pelos gestores, que define medidas para obtenção de recursos, organização das despesas e elaboração de plano para a quitação de débitos com empresas que prestam ou prestaram serviços nas unidades.

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O presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE/MT), Conselheiro Sérgio Ricardo de Almeida, destacou a importância do consenso em prol da Saúde Pública e parabenizou o governador Mauro Mendes (UB), e o Prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (UB), pela iniciativa na busca por uma solução conjunta.

Fico muito feliz que os dois gestores estão comprometidos com a Saúde de Cuiabá. Então, esta é uma vitória do consensualismo e uma vitória da sociedade mato-grossense. Parabéns ao governador Mauro Mendes, ao secretário Gilberto Figueiredo. Parabéns ao prefeito Emanuel Pinheiro e toda sua equipe“.

RETENÇÃO SUSPENSA

Fruto de mesa técnica instaurada em abril, o termo de compromisso prevê, dentre outros, a garantia da destinação de recursos da Lei Orçamentária Anual (LOA) à Saúde e a suspensão, por parte do Executivo Estadual, da retenção mensal da antecipação dos repasses estaduais ao Fundo Municipal de Saúde de Cuiabá (FMS).

O Tribunal teve o cuidado de escrever um tratado que prevê que haja dinheiro e que ele seja investido na saúde e a população não fique sem assistência, explicou Sérgio Ricardo.

Os valores deverão ser integralmente destinados ao custeio das despesas para o funcionamento da Empresa Cuiabana de Saúde Pública, responsável pelo Hospital São Benedito e Hospital Municipal de Cuiabá (HMC).

Com vigência de 18 meses, o termo estabelece como dívidas os serviços prestados até 31 de março, que serão tratados em um plano de pagamento gradual. A execução do acordo será monitorada pelo relator das contas de governo de Cuiabá, Conselheiro José Carlos Novelli.

Esse é um dos temas mais complexos que enfrentamos. Parabenizo o presidente Sérgio Ricardo, este já é um dos grandes resultados da sua gestão, e parabenizo a todos que compreenderam a importância da Saúde da nossa Capital e do nosso estado e tomaram essa decisão tão importante, disse o relator.

José Carlos Novelli lembrou que o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE/MT) é pioneiro na prática do consensualismo, referência nacional, e desenvolve esse trabalho de acordo com o que determina a Constituição Federal.

O Tribunal de Contas de Mato Grosso tem competência constitucional para promover a mediação, principalmente pelo princípio da eficiência e pelo poder que a Constituição Federal deu aos tribunais de contas de autoexecutoriedade. Esse é inclusive o tema da minha tese de doutorado, já aprovada pelo meu professor orientador, com o título: O consensualismo nos tribunais de contas brasileiros, a autonomia constitucional em mediação exercida pelo controle externo no âmbito da administração pública, por intermédio da mesa técnica”, afirmou.

Para assegurar os recursos para a quitação, o Governo do Estado se comprometeu a suspender temporariamente a retenção mensal da antecipação dos repasses estaduais ao Fundo Municipal de Saúde de Cuiabá (FMS).

O importante é que houve uma convergência de todos os atores e, daqui para frente, espero que tenha cada vez mais soluções para a Saúde, afirmou o secretário de estado de Saúde, Gilberto Figueiredo.

À Empresa Cuiabana caberá agora organizar e convocar os credores, considerando a divisão em grupos por ordem de prioridade. Além disso, a gestão tem 60 dias para a regularização da prestação de serviços nas unidades e renegociação das despesas e dívidas.

Esta mesa técnica foi uma luz no fim do túnel e trouxe ótimas perspectivas para a Saúde da Capital e, consequentemente, de Mato Grosso”, avaliou o prefeito Emanuel Pinheiro.

Segundo o presidente da Comissão Permanente de Normas, Jurisprudência e Consensualismo, o Conselheiro Valter Albano, o termo de compromisso assinado hoje enseja proposta de aditamento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) referente à intervenção na Saúde da Capital, firmado entre o Município de Cuiabá, o TCE-MT, o Ministério Público Estadual (MPMT) e o Tribunal de Justiça (TJMT).

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Neste contexto, o promotor de Justiça Milton Mattos da Silveira Neto reforçou que o acordo complementa a fiscalização do ermo de Ajustamento de Conduta (TAC), que considera todos os serviços de saúde oferecidos por Cuiabá.

Sem que esses recursos, principalmente os que estão previstos na LOA, cheguem à Empresa Cuiabana, não é possível pagar as empresas. Então, isso possibilita que as metas contidas no TAC sejam alcançadas”.

Com o encerramento da mesa técnica, o termo de compromisso segue para homologação em Plenário. Na ocasião, também foi destacada a participação efetiva do presidente da Comissão Permanente de Saúde, Previdência e Assistência Social, Guilherme Antônio Maluf, e do procurador-geral do Ministério Público de Contas (MPC), Alisson Carvalho de Alencar, nos trabalhos que resultaram na proposta.

Histórico

A mesa técnica foi instaurada depois que a Prefeitura de Cuiabá apresentou uma série de dificuldades em cumprir com as exigências previstas em TAC e a Empresa Cuiabana solicitou auxílio do Tribunal de Contas na organização do seu passivo. Nas últimas semanas, o Tribunal de Contas recebeu médicos, prestadores de serviço das áreas de ortopedia, neurologia e anestesia, que apontaram que a falta de pagamentos pode agravar ainda mais a crise no setor, com paralisação de cirurgias e atendimentos em Cuiabá.

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