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Como a Inteligência Artificial está redefinindo a eficiência no varejo

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Autor: José Dutra*

A experiência de compra no varejo depende de dois pilares: a disponibilidade do produto desejado e uma jornada de compra fluida e satisfatória. No entanto, ineficiências nos bastidores — como inventário desatualizado ou operações desalinhadas — podem impactar diretamente a experiência do cliente. O resultado são perdas operacionais, frustração do consumidor e queda nas receitas.

Nesse contexto, a Inteligência Artificial (IA) está se consolidando como uma aliada estratégica para o varejo atual. Muito além de uma tendência, ela tem se mostrado essencial para otimizar processos, reduzir desperdícios e aumentar a capacidade de resposta em um ambiente volátil.

Esse avanço já se reflete nos planos de investimento dos players do setor. De acordo com o Connected Shoppers Report, um estudo realizado pela Salesforce em 21 países, 73% dos varejistas brasileiros afirmaram que pretendem aumentar seus investimentos em inteligência artificial neste ano.

Os números reforçam a importância do tema. Segundo uma estimativa da plataforma alemã Statista, o mercado global de soluções de inteligência artificial no varejo deve alcançar cerca de 31 bilhões de dólares até 2028. Esses investimentos refletem o valor que a IA traz para o varejo: transformar a incerteza em decisões orientadas por dados, que aumentam a agilidade e o desempenho.

Nas operações de varejo, a IA possibilita uma gestão inteligente de estoque, analisando o comportamento de compra e as tendências de mercado para prever a demanda com mais precisão. Isso ajuda a evitar tanto a ruptura quanto o excesso de estoque, resultando em um melhor equilíbrio do capital investido em produtos, ao mesmo tempo em que melhora a disponibilidade e reduz o desperdício, comprando apenas o necessário.

A IA também desempenha um papel crucial na melhoria da acuracidade do inventário. Utilizando algoritmos para comparar dados de vendas e de estoque, os varejistas podem identificar discrepâncias entre o estoque físico e o registrado, ajudando a eliminar o chamado “estoque fantasma”, que compromete o atendimento e o planejamento.

Na loja física, por meio da análise do fluxo de pessoas e do comportamento dos consumidores, ferramentas com IA recomendam mudanças no layout da loja que otimizam a utilização do espaço, melhoram a circulação e destacam produtos estratégicos para impulsionar as vendas. Além disso, ao prever a carga de trabalho com base nos horários de pico e nos padrões de compra, os gestores podem alinhar as escalas de trabalho à demanda, garantindo que a equipe esteja posicionada de forma eficaz para melhorar os níveis de serviço e a eficiência operacional.

Em última análise, adotar soluções de inteligência artificial deixou de ser uma vantagem competitiva — passou a ser uma necessidade estratégica para os varejistas que desejam permanecer relevantes em um mercado cada vez mais dinâmico e orientado por dados.

*José Dutra, Diretor de Arquitetura de Soluções da Relex Solutions

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Educar para empreender é perpetuar o legado

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Autora: Cristhiane Brandão*

Empreender é correr riscos. É ter coragem para inovar e responsabilidade com todos que dependem da gente, como colaboradores, fornecedores, clientes, comunidade e planeta. É um ato de compromisso. E, quando falamos de famílias empresárias, esse compromisso precisa atravessar gerações. A educação empreendedora é o que mantém acesa a chama que dá vida ao negócio.

Muitas famílias constroem impérios, mas poucas conseguem mantê-los com o mesmo vigor nas gerações seguintes. Isso acontece porque empreender não é um talento que se herda, é uma competência que se aprende. Ensinar a empreender é tão importante quanto ensinar a administrar. A nova geração precisa entender o valor do risco, a beleza da criação e o peso da responsabilidade. E, mais do que isso, precisa ser estimulada a pensar com autonomia e a agir com propósito.

Pesquisas e experiências em governança familiar mostram que a partir da segunda geração, os membros da família tendem a priorizar eficiência e controle, enquanto o espírito empreendedor se dilui. A ausência de práticas formais de educação empreendedora faz com que o negócio evolua em gestão, mas não em criação. É por isso que o empreendedorismo precisa ser tratado como competência estratégica, ensinada e cultivada ao longo do tempo.

Portanto, educação empreendedora não é uma disciplina, é um processo contínuo. Começa com valores – ética, autonomia, curiosidade, coragem para tentar – e se fortalece quando as gerações conversam. Quando a fundadora compartilha aprendizados e a herdeira traz novas ideias, nasce um diálogo que renova o propósito. Esse encontro de experiências, se bem conduzido, forma uma geração de líderes conscientes e preparados para inovar.

O grupo Votorantim, um dos mais longevos do Brasil, entendeu isso há décadas. Criou a Academia Votorantim, um programa de formação que prepara lideranças e herdeiros para pensar o futuro com visão empreendedora e compromisso com a inovação. Lá, os valores da família se unem à governança e à estratégia, garantindo que o espírito do fundador não se perca, apenas se transforme.

No cenário internacional, o grupo LVMH (dono das marcas Louis Vuitton, Dior, Tiffany & Co.), liderado pela família Arnault, trilhou o mesmo caminho. Criou o Institut des Métiers d’Excellence, uma escola corporativa voltada para formar jovens talentos e futuros líderes das marcas do grupo em áreas como gestão, design e artesanato de luxo. Desde 2014, mais de 3 mil aprendizes foram formados, preservando a cultura de excelência e renovando o DNA inovador da empresa.

Esses exemplos mostram que famílias que educam para empreender não apenas protegem o patrimônio, garantem a perenidade do propósito. Legado não é o que se deixa, é o que se ensina. E o maior legado de uma família empresária é formar sucessores capazes de criar, decidir e se reinventar.

Apenas 30% das empresas familiares chegam à segunda geração e menos de 5% alcançam a terceira (PwC, 2023). Isso reforça a urgência de preparar as novas lideranças. Governança, sucessão e educação empreendedora são pilares complementares: um sistema de sustentação que assegura continuidade, longevidade e inovação.

Em um estado como Mato Grosso, o maior produtor de grãos do Brasil e um dos grandes polos do agronegócio mundial, essa reflexão é estratégica. A força do agro não está apenas na produtividade e sim na capacidade de se reinventar, o que passa pela formação das novas gerações que herdarão – e transformarão – os negócios familiares da cadeia produtiva. O campo já aprendeu a produzir com eficiência e sustentabilidade, agora precisa investir com a mesma energia em educação empreendedora, para garantir que o legado de hoje continue vivo amanhã.

Educar herdeiros é educar para o tempo. É transformar a continuidade em movimento. É fazer do aprendizado o fio que costura passado, presente e futuro. Que cada família empresária mato-grossense olhe para sua história e se pergunte: estamos preparando nossos filhos e netos para manter viva a chama que acendeu o nosso negócio? A resposta a essa pergunta definirá o amanhã.

E esse é o convite: vamos caminhar juntos nessa construção. Porque legado, inovação e sustentabilidade só fazem sentido quando andam lado a lado, com propósito, preparo e visão de futuro.

*Cristhiane Brandão, Conselheira de Administração, Consultora em Governança para Empresas Familiares e Vice-Coordenadora Geral do Núcleo Centro-Oeste do IBGC.

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