PROTEÇÃO PARA BANDIDOS
“PEC da Blindagem” representa um “verdadeiro escárnio” contra a sociedade brasileira

A Câmara dos Deputados aprovou, na noite dessa terça-feira (16/9), o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/21. Chama de PEC das Prerrogativas pelos parlamentares e apelidada de PEC da Blindagem, a proposta amplia proteções legais a parlamentares e dificulta a prisão e a abertura de processos criminais contra deputados e senadores, concluído a análise, agora, a PEC seguirá para análise no Senado.
Em dois turnos e com apoio de quase todos os partidos da Casa, foram cerca de 350 votos favoráveis, a Câmara aprovou a PEC da Blindagem, que agora será votada no Senado. O novo texto conta com propostas de emendas nos artigos 53 e 102 da Constituição Federal. O principal impasse na proposta foi com relação à possibilidade de votação secreta para autorizar abertura de investigações contra parlamentares, o que acabou sendo mantida.
O dispositivo previsto no texto original da PEC, que empregava a medida para abertura de processos de deputados e senadores, foi derrubado pelos deputados na terça-feira, mas retomado, após manobra do centrão nesta quarta-feira.
Foro privilegiado
O texto também prevê ampliar o foro privilegiado para presidentes de partidos, que só poderão ser julgados pela Suprema Corte. Atualmente, presidente e vice-presidente da República, congressistas e presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo têm foro privilegiado.
O que prevê a PEC
- Prevê a necessidade de autorização prévia do Legislativo para a abertura de inquérito sobre deputados, senadores e presidentes de partidos
- Limita as situações de prisão de parlamentares para casos de flagrante ou por crime inafiançável
- Estabelece a exigência de que medidas cautelares sejam analisadas pelo plenário do STF, como uso de tornozeleira eletrônica ou prisão domiciliar
- Proíbe o afastamento de um congressista do cargo por decisão da Justiça
Senador mato-grossense alerta para risco de se criar “casta de privilegiados”
O Senador Jayme Campos (UB) oficializou nesta quarta-feira, 17, sua posição veementemente contraria a Proposta de Emenda à Constituição 3/2021, conhecida como “PEC da Blindagem”. Em pronunciamento, ele afirmou que a proposta, aprovada pela Câmara dos Deputados na noite anterior, não terá seu apoio e representa um “verdadeiro escárnio” contra a sociedade brasileira.
O parlamentar classificou a PEC como um mecanismo que “cria uma casta de privilégio” e protege políticos que não têm “compromisso com o amanhã do Brasil”. Ele destacou que a Emenda Constitucional, que restringe a abertura de processos contra parlamentares no Supremo Tribunal Federal (STF), desrespeita o anseio popular por representantes responsáveis por seus atos.
O senador também criticou a previsão de voto secreto para autorizar processos, incluso em manobra no plenário. Se aprovada, a blindagem valerá para presidentes de partidos e permitirá que o Congresso suspenda processos já em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Eu sinto vergonha quando a Câmara aprova uma matéria como essa“.
A PEC 3/2021, aprovada pela Câmara Federal em dois turnos, retorna à regra vigente entre 1988 e 2001, exigindo autorização do Congresso para processar criminalmente deputados e senadores no STF. O texto inclui um prazo de 90 dias para análise e prevê votação secreta, ponto que gerou controvérsias e manobras regimentais durante a votação. A proposta agora depende de aprovação no Senado, onde precisa de 49 votos favoráveis em dois turnos.
Jayme Campos não está isolado em sua posição. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Otto Alencar (PSD/BA), já declarou ser contra a proposta, assim como os senadores Cleitinho (Republicanos/MG) e Renan Calheiros (MDB/AL). Cleitinho argumentou que a PEC “reforça a sensação de impunidade“, enquanto Renan alertou que ela pode transformar o Congresso em “refúgio de criminosos”.
Em seu pronunciamento, Jayme Campos enfatizou que políticos com “mãos limpas” não precisam de blindagem.
“Cidadãos que fazem política com altivez, com respeito ao eleitor, não votarão em hipótese alguma uma matéria dessa“.
Ele também elogiou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB/AP), pela condução democrática dos trabalhos e pelo tratamento respeitoso a todos os senadores, independentemente de posicionamento político.
A PEC segue para análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, onde deverá ser discutida. O senador espera que a proposta seja barrada para evitar “a maior tragédia da história contemporânea do país”. A fala de Jayme Campos reflete um sentimento presente em parte do Congresso e na opinião pública, que tem visto a proposta com desconfiança nas redes sociais.

Política
Favaro terá que explicar repasses de Emendas Pix de R$ 9,2 bilhões

Recentemente, o ministro Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, deu prazo de 15 dias para que a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) apresentem um cronograma objetivo, com etapas e datas, para análise, apreciação e julgamento dos relatórios de gestão das Emendas Parlamentares Individuais, as “Emendas Pix”, referentes aos exercícios de 2020 a 2024.
Na decisão na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 854, o ministro destacou que a prestação de contas é um dever que se projeta para os órgãos competentes na esfera federal. O caso, segundo ele, envolve dezenas de bilhões de reais do Orçamento Geral da União que não podem permanecer em zonas de indefinição quanto à aferição da idoneidade e da eficiência de sua aplicação.
O ministro ressaltou a invalidade dos julgamentos de contas eventualmente realizados pelos tribunais de contas estaduais e municipais quanto a esse tema. Como estão em jogo recursos da União, a competência é exclusiva do Tribunal de Contas da União (TCU).
Diálogo
Flávio Dino, neste mês de agosto, havia determinado à AGU a elaboração de um plano de trabalho. O órgão apontou a necessidade de abertura de diálogo institucional com o Tribunal de Contas da União (TCU) e demais cortes de contas para coletar informações mais precisas sobre o tema.
O ministro acolheu a proposição de elaboração conjunta, especialmente em razão da competência técnica do órgão de controle externo. Destacou, contudo, a necessidade de observar as balizas definidas pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a competência exclusiva do TCU para julgar as contas referentes às Emendas Pix.
Emendas Impositivas
O ministro Flávio Dino também abriu prazo de 15 dias para que a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestem nos autos das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 7697, 7695 e 7688, para inclusão na pauta de julgamento do Plenário.
As ações tratam das Emendas Parlamentares Impositivas, de execução obrigatória pelo Poder Executivo. Elas abrangem as emendas individuais de transferência especial (emendas Pix), as individuais de transferência com finalidade definida e as de bancada.
TCU quer explicação de Carlos Favaro
Agora, o Tribunal de Contas da União (TCU), solicitou que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Henrique Baqueta Favaro (PSD), explique em até 180 dias quais procedimentos de fiscalização adotou no repasse das Emendas PIX para obras em estradas rurais em cidades do interior de Mato Grosso.
A solicitação faz parte da auditoria sobre os recursos transferidos entre 2019 e 2023. Na época, o ministério transferiu o total de R$ 9,2 bilhões para diferentes projetos em todo o país.
O ministro Walton Alencar Rodrigues que é relator do processo diz que:
“Verifica-se, assim, que o maior financiador e construtor de estradas no Brasil não é o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), mas o ministério, que constrói quase 10 vezes mais estradas que a autarquia federal especializada”.
Os parlamentares do Congresso Nacional solicitaram essa auditoria ao Tribunal de Contas da União (TCU) devido à importância desses projetos em seus redutos eleitorais. Do total transferido, R$ 297,3 milhões foram fiscalizados, correspondendo a 14 transferências voluntárias selecionadas.
As Emendas PIX são propostas feitas por deputados federais e senadores ao Orçamento da União e, ao contrário de outras, têm a execução obrigatória pelo governo federal. Ou seja, elas devem ser realizadas independentemente de qualquer negociação ou barganha com o Poder Executivo.
Superfaturamento
Um dos indícios de superfaturamento revelado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) está na obra da estrada rural na cidade de Canarana, a 838 km de Cuiabá, em convênio com a prefeitura do município.
A medição estimada de distância de transporte executada foi superior ao inicialmente contratado na recomposição do revestimento primário da estrada, o que levou a pagamentos maiores do que o previsto, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). O valor estimado chega a R$ 1,588 milhão.
“A irregularidade decorreu de falha do projeto básico de engenharia em identificar adequadamente as fontes de materiais mais próximas ao trecho da estrada vicinal a ser recuperada, bem como em razão da deficiência da fiscalização do conveniente em verificar a origem dos materiais aplicados nas obras“, disse a auditoria.
A Prefeitura Municipal de Canarana disse que a obra é de responsabilidade da gestão anterior e que estão sendo “tomadas as providências jurídicas cabíveis”.
Falta de critérios claros
Outro ponto identificado está na política pública para adequação de estradas rurais que não está bem estruturada, conforme o Tribunal de Contas da União (TCU).
“Faltam diagnósticos, critérios claros para escolher os beneficiários, indicadores para monitorar os resultados e controle sobre a eficiência e eficácia dos gastos. Além disso, os recursos são distribuídos de forma desigual entre os estados“.
Um dos exemplos citados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como ausência de critérios para repassar os recursos, em 2019 e 2022, os estados que receberam o maior valor de transferências voluntárias direcionadas às estradas rurais foram Tocantins (em 2019) e Minas Gerais (em 2020, 2021 e 2022), com participações, respectivamente, de 16,0%, 19,9%, 19,5% e 15,7% do total.
Em 2023, porém, foi destinado a Mato Grosso expressivos R$ 147,3 milhões, ou seja, quase a metade (especificamente 47,4%) de todas as transferências voluntárias com essa finalidade, de acordo com o TCU.
“É lamentável, portanto, que esse vultoso montante de recursos seja gasto sem que haja, de fato, política institucionalizada, estruturada, com objetivos claros, com indicadores adequados, com elementos mínimos necessários à alocação dos parcos recursos públicos disponíveis“, diz trecho do acórdão.
Caso os critérios e parâmetros adequados fossem seguidos, Mato Grosso não estaria entre os estados preferenciais para receber esses recursos em estradas rurais, segundo o ministro Walton Alencar Rodrigues.
Com isso, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em um prazo de 180 dias:
– Institucionalize uma política pública adequada em estradas rurais;
– Aprimore os controles existentes nos procedimentos de aceite de processos licitatórios que contenham situações que a legislação considere excepcional;
– Apure as irregularidades identificadas em convênios nos municípios de Canarana, Alta Floresta, Querência e Gaúcha do Norte;
– Crie procedimentos de verificação e aprovação dos projetos de engenharia específicos para execução de serviços de manutenção de estradas rurais;
– Aprimore os controles do processo de acompanhamento dos convênios voltados para obras em estradas na zona rural.
O Tribunal de Contas da União (TCU) ainda destacou que, entre 2019 e 2022, foram firmados 10 convênios para melhorar estradas rurais no estado, enquanto que, em 2023, esse número saltou para 183 convênios.
Crise política
Esses repasses criaram uma crise entre o ministro Carlos Fávaro (PSD) e o deputado Arthur Lira (PP-AL), que na época presidia a Câmara Federal. Ele chegou a pedir a cabeça de Carlos Fávaro. A auditoria se iniciou a pedido de parlamentares do Congresso Nacional.
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