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IDOSOS TAMBÉM LUTAM POR UM MUNDO MELHOR

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Autor: Juacy da Silva*

Os nossos avós foram e são para nós exemplos de fé e de devoção, de virtudes cívicas e compromisso social, de memória e perseverança nas provações; os idosos são as primeiras testemunhas de esperança; a velhice é um tempo de benção e de graça; a fragilidade dos idosos precisa do vigor dos jovens e que a inexperiência dos jovens precisa do testemunho e exemplo dos idosos para projetar um futuro com sabedoria“. Papa Leão XIV, mensagem para o V DIA Mundial dos avós e dos Idosos em 27 de Julho de 2025.

Ontem recebi um vídeo da manifestação que ocorreu na Av. Paulista, em São Paulo, contra a PEC da Bandidagem/Blindagem, que, se aprovada transformará o Congresso Nacional em reduto de criminosos e bandidos de todas as espécies, enquanto as demais pessoas serão cidadãos e cidadãs de segunda classe, perante o sistema Judiciário brasileiro, abolindo o preceito constitucional de que “todos/todas são iguais perante a Lei“, e, também, um grande protesto contra o Projeto de Lei, o PL da Anistia aos golpistas do 8 de Janeiro de 2023, alguns já condenados e outros ainda a serem condenados.

Durante, praticamente 10 anos, desde 2014, quando a direita e extrema direita tomaram as ruas e avenidas do Brasil participando das pressões que redundaram na derrubada da Presidente Dilma, legitimamente eleita e reeleita pelo povo, passando pela eleição e os quatro anos terríveis do Governo Bolsonaro, até o 08 de Janeiro de 2023, quando da destruição da Praça dos Três Poderes, parecia que as forças de esquerda haviam desaparecido do cenário político, institucional e eleitoral do Brasil.

Todavia, parece que os ataques ao Judiciário, principalmente contra o STF e seus integrantes e, também, as pressões internacionais contra a soberania nacional e a soberania popular e também um Congresso Nacional que, além de extremamente conservador, ainda quer aumentar seus privilégios, reservando para seus integrantes um sistema de proteção para todas as formas de ação, inclusive vários tipos de crimes, que ficariam longe dos tentáculos da justiça, acabaram acordando o povo que, sem medo, de forma pacífica, ordeira demonstrou o seu desapreço e seu repúdio com os rumos e o que está acontecendo no Congresso Nacional que, de defensor da democracia, do estado democrático de direito, da soberania nacional e popular, deseja legislar para proteger interesses menores de seus integrantes, em lugar dos interesses dos eleitores que os elegeram e dos interesses e objetivos nacionais.

O Congresso Nacional, vale dizer a maioria conservadora de Direita (Centrão) e extrema direita, há pelo menos nas três ultimas legislaturas tem se transformado em força que tem tentado ou vem tentando “emparedar” os demais poderes: o Executivo e o Judiciário, seja através do Orçamento da União, ampliando absurdamente as emendas que são gastas sem a devida transparência, o próprio orçamento secreto e também via aprovação de PECs – Projetos de Emendas Constitucionais, enfim, afrontando o princípio da independência e harmonia entre os poderes.

Contra tudo isso, parece que, finalmente, o povo, única fonte real de poder, acordou e sua voz começa, novamente, a ser ouvida pelos quatro cantos deste país.

Em mais 40 cidades de médio e grande porte, incluindo as 27 capitais, ocorreram manifestações semelhantes, com dezenas ou centenas de milhares de pessoas que se manifestaram também em defesa da democracia, da soberania popular e soberania nacional, de direitos trabalhistas, resgatando a bandeira nacional e outros símbolos que há algum tempo foram “sequestrados” pela direita e extrema direita golpistas e entreguistas.

Em lugar de bandeira de outros países, como tem acontecido nas manifestações da direita e extrema direita, ontem o que podia ser visto na Avenida Paulista, em São Paulo, por exemplo, foi uma grande, imensa bandeira brasileira, com o verde e amarelo tremulando, lembrando e relembrando que “o Brasil é dos brasileiros”.

A bandeira brasileira e os símbolos nacionais pertencem ao povo brasileiro e jamais podem ser sequestrados por um partido político, por uma ideologia ou por qualquer outro segmento populacional. Afinal, independente de nossas predileções políticas, partidárias e ideológicas, somos todos e todos, brasileiros e brasileiras, jamais inimigos internos ou inimigas internas. Este é o único caminho para a pacificação nacional.

Pelas fotos pode-se perceber que a esquerda, vale dizer, os partidos de esquerda, os movimentos sociais, as ONGs, os Sindicatos, as Entidades comunitárias, os estudantes, as donas de casa, os trabalhadores e trabalhadoras, finalmente, acordaram e tomaram, novamente, as ruas, praças e avenidas do Brasil.

Além dessas entidades, notamos ainda a presença de muitas pessoas idosas, cujo símbolo maior, foi o pronunciamento do Padre Júlio Lancelotti, nascido em 27 de Dezembro de 1948, ou seja, com quase 77 anos, lá estava Ele, defendendo não apenas o povo, os moradores de Rua, os sem teto, sem moradia, sem comida, sem saúde, sem voz e sem voto, mas também a causa do povo palestino, vítima de um verdadeiro genocídio, onde já foram mortas 65 mil pessoas e 166 mil feridas, a grande maioria, mais de 90% crianças, jovens e idosos, enfim, população civil indefesa, além da destruição física daquele território.

Padre Júlio Lancelotti é sacerdote católico e conhecido pelo seu trabalho com a população em situação de Rua e pela promoção da dignidade e direitos humanos fundamentais (comida, água, abrigo, moradia, trabalho, uma nova chance, enfim, dignidade humana), demonstrando, na prática como podemos unir fé com cidadania, com ação sociotransformadora e mobilização profética.

Da mesma forma que o Padre Júlio Lancelotti, que é responsável pela Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, além de milhares de pessoas idosas por este Brasil afora ainda lutam por um Brasil menos desigual, mais justo, democrático, soberano e sustentável, enfim, por um mundo melhor, a partir de cada território onde estamos.

Com certeza diante de tantas ameaças que o Brasil, e as Instituições Nacionais, principalmente os Podres Executivo e Judiciário vem enfrentando nos contextos interno e internacional, a mobilização popular é o único caminho para fortalecer as Instituições nacionais, a democracia e eleger um Presidente da República, Governadores, Congresso nacional e parlamentos estaduais que estejam realmente `a altura das aspirações, dos interesses e dos objetivos do povo brasileiro, em que a política, a ética e a justiça, principalmente a Justiça social, estejam umbilicalmente interligadas.

Finalizando, gostaria de destacar uma das primeiras mensagens do Papa Leão XIV sobre alguns dos desafios da atualidade.

A guerra e todas as formas de violência nunca são inevitáveis, as armas podem e devem silenciar, porque não resolvem os problemas, mas os aumentam; pois entrará para a história quem semeia a paz, não quem provoca vítimas; porque os outros não são inimigos a serem odiados, mas seres humanos com os quais devemos dialogar“. Papa Leão XIV.

Este foi e sempre será o sentido e o significado do povo ocupando as ruas, praças a avenidas do Brasil inteiro, pavimentando o caminho das urnas em 2026.

*Juacy da Silva, 83 anos, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral – Região Centro Oeste.

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Irrigação: a resposta para Mato Grosso

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Autor: Hugo Garcia* – 

Nos períodos de seca, quando as temperaturas elevadas comprometem o solo e as poucas chuvas isoladas reduzem a umidade, colocando em risco a produção agrícola, é cada vez mais urgentes soluções estruturais para que o estado continue sendo referência no agronegócio e, ao mesmo tempo, garanta a segurança alimentar e o sustento de milhares de famílias. Nesse contexto, a irrigação se consolida como a principal aliada do produtor rural.

Áreas irrigadas representam a diferença entre perder uma safra inteira ou assegurar colheitas regulares, mesmo em períodos de estiagem ou chuvas irregulares e espaçadas. Com a irrigação, o agricultor consegue manter a produtividade e a qualidade das lavouras, reduzindo os impactos da falta de chuva e garantindo previsibilidade para planejar sua atividade. Essa segurança produtiva não só protege os investimentos feitos no campo, como também fortalece toda a cadeia de abastecimento, do pequeno comércio às indústrias de transformação.

Outro ponto essencial é que a irrigação abre espaço para a diversificação das culturas. Em propriedades irrigadas, é possível produzir hortaliças, frutas e sementes especiais durante todo o ano, agregando valor e ampliando as oportunidades de renda. Para a agricultura familiar, esse benefício é ainda mais significativo: com sistemas adequados de irrigação, pequenos agricultores deixam de depender exclusivamente do regime de chuvas e passam a ter mais estabilidade, ampliando a oferta de alimentos frescos e de qualidade para a população.

A criação da Política Estadual de Agricultura Irrigada pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso – uma lei de minha autoria enquanto deputado estadual em exercício – foi um passo fundamental para consolidar a irrigação como política de Estado. A lei estabelece diretrizes claras para ampliar áreas irrigadas, promover o uso racional da água e estimular a modernização dos sistemas produtivos. A Aprofir participou ativamente desse debate e segue acompanhando sua implementação, pois acreditamos que somente com arcabouço legal sólido e políticas públicas permanentes será possível expandir os benefícios da irrigação a todos os produtores.

No entanto, para que a lei se traduza em resultados concretos, é preciso enfrentar entraves históricos que ainda limitam a expansão da irrigação. Entre eles, destacam-se o alto custo e a falta de estrutura de redes de energia elétrica, impactando diretamente a operação de bombas e sistemas, e a burocracia relacionada à outorga de uso da água, que se mostra morosa e complexa, especialmente para o pequeno produtor que não dispõe de assistência técnica especializada. São barreiras que acabam excluindo justamente quem mais precisa da irrigação para se manter no campo.

Na Aprofir, temos trabalhado de forma permanente para enfrentar esses gargalos. Nosso objetivo é propor soluções junto ao poder público e parceiros institucionais, buscando alternativas que garantam tarifas de energia mais compatíveis com a realidade do setor e processos de outorga simplificados e acessíveis. Também defendemos a ampliação de linhas de crédito e programas de capacitação para que agricultores familiares tenham condições reais de adotar a irrigação como instrumento de fortalecimento econômico e social.

Garantir a expansão das áreas irrigadas em Mato Grosso não é apenas uma questão técnica, mas uma necessidade estratégica. É investir em resiliência diante das mudanças climáticas, em segurança alimentar para a sociedade e em oportunidades de crescimento para os pequenos agricultores. A irrigação, portanto, não deve ser vista apenas como um recurso tecnológico, mas como uma política de inclusão e de desenvolvimento, capaz de transformar a realidade do campo e oferecer um futuro mais seguro para todos.

*Hugo Garcia é presidente da Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir)

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