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Experiência do cliente: busca por versatilidade e custo-benefício no setor de moda

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Autor: Marcos Pertile*

O consumidor de moda contemporâneo carrega um conjunto de expectativas refinadas. Quando há opções infinitas e tempo escasso, seu comportamento se orienta por dois princípios: a versatilidade das peças e o custo-benefício. Este equilíbrio delicado exige peças que superem ocasiões específicas, com uma longa vida de possibilidades. O valor real de uma aquisição mede-se pela capacidade de integrar-se a múltiplas narrativas pessoais – a peça fundamental para um evento noturno se torna, no dia seguinte, a base perfeita para um visual despojado.

O valor de uma peça de moda é, em grande parte, definido pela qualidade da experiência que a envolve. Um ambiente físico ou digital que acolhe, um atendimento preciso e um processo de entrega impecável elevam o valor percebido do produto. O cliente adquire um item e, com ele, a confiança depositada na marca, a sensação de ser compreendido e a promessa de retorno em elegância e durabilidade. Quando a jornada flui, o preço se torna um detalhe de uma transação maior, baseada em confiança.

Contudo, muitas marcas ainda tropeçam ao tentar atuar nesse segmento. O maior equívoco é acreditar que versatilidade e preço acessível podem compensar baixa qualidade. O consumidor moderno analisa, compara e testa. Ele percebe com rapidez quando a promessa de multifuncionalidade esconde a fragilidade. Outra armadilha fatal é a falta de identidade. Na busca por agradar a todos, algumas marcas perdem o rosto, tornam-se apenas mais uma voz em um coro barulhento, incapazes de criar uma conexão genuína.

Como manter o interesse do cliente com novidades constantes sem onerar a estrutura? A resposta está na estratégia. Lançamentos frequentes não precisam ser coleções monumentais. Peças “edição limitada”, acessórios que renovam o básico ou colaborações favorecem a sensação de descoberta sem a pressão de um estoque massivo. É uma técnica precisa entre o novo e o permanente, onde a novidade atrai o olhar, e a qualidade garante a venda.

Na relação entre marca e consumidor, a personalização e o atendimento ainda se provam fundamentais para construir fidelidade. Na geração da produção em massa, oferecer algo único – um ajuste personalizado, uma recomendação certeira é também um gesto poderoso de respeito. É a diferença entre ser um número em um banco de dados e ser um indivíduo com gostos específicos. Um atendimento humanizado, que ouve mais do que fala, transforma uma transação comercial em diálogo. Esse é o elemento que fortalece os laços: a certeza de que a marca compreende a pessoa que há dentro de cada cliente.

O futuro da moda será definido pela capacidade de oferecer respostas adaptadas às necessidades reais dos consumidores. Afinal, hoje já não se trata apenas de vestir o corpo, mas de vestir a identidade. O equilíbrio entre versatilidade e relação custo-benefício equivale à busca por um guarda-roupa com propósito — e por relações com marcas que cultivem conexões autênticas e duradouras.

*Marcos Pertile possui ampla experiência no setor de produção e expansão, como sócio diretor na Mapa da Mina, franquia especializada na fabricação e venda de semijoias.

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Educar para empreender é perpetuar o legado

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Autora: Cristhiane Brandão*

Empreender é correr riscos. É ter coragem para inovar e responsabilidade com todos que dependem da gente, como colaboradores, fornecedores, clientes, comunidade e planeta. É um ato de compromisso. E, quando falamos de famílias empresárias, esse compromisso precisa atravessar gerações. A educação empreendedora é o que mantém acesa a chama que dá vida ao negócio.

Muitas famílias constroem impérios, mas poucas conseguem mantê-los com o mesmo vigor nas gerações seguintes. Isso acontece porque empreender não é um talento que se herda, é uma competência que se aprende. Ensinar a empreender é tão importante quanto ensinar a administrar. A nova geração precisa entender o valor do risco, a beleza da criação e o peso da responsabilidade. E, mais do que isso, precisa ser estimulada a pensar com autonomia e a agir com propósito.

Pesquisas e experiências em governança familiar mostram que a partir da segunda geração, os membros da família tendem a priorizar eficiência e controle, enquanto o espírito empreendedor se dilui. A ausência de práticas formais de educação empreendedora faz com que o negócio evolua em gestão, mas não em criação. É por isso que o empreendedorismo precisa ser tratado como competência estratégica, ensinada e cultivada ao longo do tempo.

Portanto, educação empreendedora não é uma disciplina, é um processo contínuo. Começa com valores – ética, autonomia, curiosidade, coragem para tentar – e se fortalece quando as gerações conversam. Quando a fundadora compartilha aprendizados e a herdeira traz novas ideias, nasce um diálogo que renova o propósito. Esse encontro de experiências, se bem conduzido, forma uma geração de líderes conscientes e preparados para inovar.

O grupo Votorantim, um dos mais longevos do Brasil, entendeu isso há décadas. Criou a Academia Votorantim, um programa de formação que prepara lideranças e herdeiros para pensar o futuro com visão empreendedora e compromisso com a inovação. Lá, os valores da família se unem à governança e à estratégia, garantindo que o espírito do fundador não se perca, apenas se transforme.

No cenário internacional, o grupo LVMH (dono das marcas Louis Vuitton, Dior, Tiffany & Co.), liderado pela família Arnault, trilhou o mesmo caminho. Criou o Institut des Métiers d’Excellence, uma escola corporativa voltada para formar jovens talentos e futuros líderes das marcas do grupo em áreas como gestão, design e artesanato de luxo. Desde 2014, mais de 3 mil aprendizes foram formados, preservando a cultura de excelência e renovando o DNA inovador da empresa.

Esses exemplos mostram que famílias que educam para empreender não apenas protegem o patrimônio, garantem a perenidade do propósito. Legado não é o que se deixa, é o que se ensina. E o maior legado de uma família empresária é formar sucessores capazes de criar, decidir e se reinventar.

Apenas 30% das empresas familiares chegam à segunda geração e menos de 5% alcançam a terceira (PwC, 2023). Isso reforça a urgência de preparar as novas lideranças. Governança, sucessão e educação empreendedora são pilares complementares: um sistema de sustentação que assegura continuidade, longevidade e inovação.

Em um estado como Mato Grosso, o maior produtor de grãos do Brasil e um dos grandes polos do agronegócio mundial, essa reflexão é estratégica. A força do agro não está apenas na produtividade e sim na capacidade de se reinventar, o que passa pela formação das novas gerações que herdarão – e transformarão – os negócios familiares da cadeia produtiva. O campo já aprendeu a produzir com eficiência e sustentabilidade, agora precisa investir com a mesma energia em educação empreendedora, para garantir que o legado de hoje continue vivo amanhã.

Educar herdeiros é educar para o tempo. É transformar a continuidade em movimento. É fazer do aprendizado o fio que costura passado, presente e futuro. Que cada família empresária mato-grossense olhe para sua história e se pergunte: estamos preparando nossos filhos e netos para manter viva a chama que acendeu o nosso negócio? A resposta a essa pergunta definirá o amanhã.

E esse é o convite: vamos caminhar juntos nessa construção. Porque legado, inovação e sustentabilidade só fazem sentido quando andam lado a lado, com propósito, preparo e visão de futuro.

*Cristhiane Brandão, Conselheira de Administração, Consultora em Governança para Empresas Familiares e Vice-Coordenadora Geral do Núcleo Centro-Oeste do IBGC.

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