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Eduardo Mahon: – Zona Verde
Zona Verde
Por: Eduardo Mahon –
Nunca haverá uma resposta certa para saber se a vida imita a arte ou se é o oposto. É que a arte é, ela mesma, uma parte fundamental da vida e, por isso, aprendemos tanto com a literatura, cinema, teatro, música etc. O secretariado de Pedro Taques deve assistir urgentemente um filme que recomendo – Green Zone, ou Zona Verde, 2010, uma película de Paul Greengrass.
O filme trata da invasão do Iraque. Mas não só. Aborda sobretudo como os militares lidavam com informações que chegavam desencontradas, falseadas, imprecisas.
É que as fontes sigilosas mentiam para as “mentes iluminadas” que viviam no conforto de uma Zona Verde, livre de conflitos, onde a guerra parecia distante. De outro lado, há uma abordagem política profundamente didática. Os Estados Unidos recusaram-se à aliança com a burocracia de Sadam, um erro que custou todo o controle e a paz do Iraque, favorecendo inclusive o terrorismo desenfreado que assistimos hoje.
Desprezar as camadas do serviço público, portanto, foi decisivo para que houvesse o esfacelamento do Estado em interesses conflitantes, sobretudo porque o invasor insistia em plantar gente que não tinha qualquer vínculo com o Iraque.
Silval Barbosa foi derrotado. Não só ele. Um grupo político grande que estava instalado no poder há 12 anos. O governo novo entendeu por bem promover uma mudança completa e abrupta, indicando a maioria de profissionais preparados, competentes, mas sem experiência junto ao funcionalismo público e à própria máquina estatal. Foi além.
Olhou com desconfiança para todos os antigos aliados dos governos passados, torcendo o nariz para a participação deles de forma direta ou indireta. Considero um erro estratégico. Da equipe passada, não são todos ladrões.
Dos servidores comissionados que geriam a máquina, não são todos ladrões. Mesmo os políticos que já estavam em mandatos eletivos, não são todos ladrões. Muito ao contrário: uma esmagadora maioria dos servidores públicos está madura a ponto de saber perfeitamente que servem não a um governo, mas ao Estado de Mato Grosso e que, por isso, governadores passam – eles ficam. Noutras palavras, até para se jogar um jogo diferente, é preciso se usar de um mesmo baralho.
A lição do filme de Greengrass é clara: quem quer ter sucesso na conquista do povo precisa entender as complexas teias de diálogo que já estão estabelecidas há décadas. A inovação deve ser dar. Aliás, é um imperativo. Mas indicar uma equipe sem legitimidade social, sem diálogo político e sem alianças com os servidores públicos é a receita para o fracasso inexorável. Mato Grosso é um Estado que transita entre o velho e o novo.
Há tradições que precisam ser estudadas e respeitadas. Ao mesmo tempo, vivemos uma nova realidade nos últimos 40 anos. Nenhum setor deve ser descartado para promover a união e o desenvolvimento. Ao contrário: todos devem ser contemplados politicamente com espaços no governo. Seja ele qual for. O pacto direto deve ser estabelecido de forma direta com o povo, sem intermediários, caso não haja outro jeito, outra saída.
Se houver, porém, é preciso tentar uma trégua com setores que estão em pé-de-guerra: servidores públicos e políticos. Não nos importa mais olhar o passado. As instituições de controle se encarregarão de destacar uma minoria corrupta. Interessa mais o futuro e não se dirige para frente com os olhos no retrovisor. E o futuro, seja qual for, passa pelo serviço público e pela valorização do servidor do Estado, não do governo.
O general de Sadam que poderia se encarregar de manter a ordem no Iraque, o homem-chave responsável pela disciplina no exército, o sujeito com legitimidade política para dialogar com as centenas de tribos e etnias iraquianas, este foi deletado. Justamente aquele que poderia fazer a transição para um regime mais aberto.
Os Estados Unidos não queriam nada que lembrasse o passado. Dissolveram exércitos, não reconheceram patentes, ignoraram as indenizações que o corpo burocrático fazia jus. A despeito da opinião de especialistas, de estudiosos e da própria inteligência norte-americana, o funcionalismo público que cuidava da máquina iraquiana foi demitido.
Os novos gestores indicados não tinham qualquer traquejo, experiência, apoio, legitimidade para representar os setores da sociedade multifacetada de um país em crise. O resultado foi um desastre. A vida imita a arte. Assim sendo, é preciso urgentemente uma sessão privada no Palácio Paiaguás para assistir, comentar, entender e, sobretudo, sair da Zona Verde. A pipoca é por nossa conta.
Eduardo Mahon é advogado.

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O amor altruísta!

Autora: Kamila Garcia* –
A clareza do pensamento na Antiguidade contrasta com a regressão humana na era contemporânea. Não é por acaso que quem ainda possui inteligência criou a inteligência artificial para conversas longas e produtivas.
Hoje, poucos buscam o conhecimento por amor a ele. Muitos almejam títulos e honrarias sem o esforço, sem o pensamento crítico, e sem explorar plenamente suas capacidades. A bondade e a amizade são tratadas como mera moeda de troca, pois a essência do ser humano contemporâneo muitas vezes se perdeu em prazeres superficiais.
A ética e a moral, outrora bússolas do pensamento científico e espiritual, foram substituídas por forças externas que comprometem o verdadeiro conhecimento e a convivência social, voltada para o bem comum. De que adianta a tecnologia, se a maioria não tem acesso ao básico? De que serve pensar em benfeitorias, se não há interesse em implementá-las de maneira justa e universal?
Outro dia, ouvi um professor dizer que caridade se faz na Igreja, e precisei discordar. Há tempos, nem mesmo templos e igrejas realizam atos de caridade sem buscar notoriedade social. A caridade verdadeira se faz no amor e na união. Poucos estão dispostos a doar tempo, atenção e amabilidade para ouvir, sentir e coexistir como iguais neste mundo. O altruísmo está em dar sem esperar nada em troca. Ainda assim, os altruístas cultivam amor-próprio e não buscam na inteligência artificial o afeto que não receberam.
O altruísta não desconta sua dor no outro nem subverte os valores que norteiam sua vida. Ele ama conscientemente, respeitando seus deveres e direitos como ser social e espiritual. Sua alma é livre, emergindo de qualquer obstáculo que outros tentem impor, sem se deixar aprisionar pelos fracassos alheios.
Não há céu ou inferno para quem compreende a missão de existir e de amar. Há apenas a visão clara da criação: seja no pensamento, seja no redirecionamento da própria vida.
O altruísta mergulha em si mesmo e emerge com todo o seu potencial. Sua alma é infinita. Embora não seja compreendido pela maioria, ele encontra felicidade constante, pois o seu amor é infinitamente radiante.
*Kamila Garcia é bacharel em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, com pós-graduação em Psicanálise. Atualmente é estudante de Psicologia.
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