Search
Close this search box.

OPINIÃO

A inovação precisa de experiência

Publicados

em

Autora: Elaine Bernardes*

Vivemos em um mundo cada vez mais longevo, mas o mercado de trabalho ainda não acompanha essa realidade – especialmente no setor de tecnologia, em que o etarismo segue como um obstáculo para a inclusão e a inovação. A crença de que apenas os jovens são capazes de dominar as rápidas transformações tecnológicas ignora o valor da experiência, da visão estratégica e da capacidade analítica que profissionais mais maduros trazem. Se quisermos um futuro realmente inovador, é essencial repensar essa lógica e construir ambientes em que a diversidade etária também seja reconhecida como um diferencial competitivo.

Como profissional de recursos humanos há mais de 25 anos, estou convencida de que a ideia que só os jovens têm capacidade de dominar a inovação é um estereótipo que precisa ser superado. E isso não tem a ver comigo mesma, mas com dados de mercado. Profissionais maduros trazem consigo mais experiência, grande capacidade de análise estratégica e um repertório valioso para a solução de problemas. Além disso, empresas que apostam na diversidade etária tendem a ser mais inovadoras, pois unem diferentes perspectivas e habilidades.

Mesmo com estudos que apontam gradativamente para o envelhecimento populacional, muitas organizações ainda optam por contratar profissionais mais jovens, abaixo dos 40 anos. Segundo material publicado pela FGV Eaesp e PwC, 70% das empresas não consideram a faixa etária acima dos 60 anos ao planejar sua força de trabalho, e 85% sequer possuem planos de carreira para profissionais com mais de 40. Essa realidade evidencia um mercado despreparado para lidar com o envelhecimento e a permanência de talentos experientes em seus times.

A tecnologia é um campo dinâmico, mas isso não significa que seja uma área exclusiva para jovens ou que pessoas mais velhas não consigam acompanhar suas transformações. A pandemia mostrou, por exemplo, que a adaptação digital é possível em todas as faixas etárias. As empresas precisam estar atentas para implantar programas de capacitação e aprendizado contínuos, que são essenciais para garantir que todos os profissionais, independentemente da idade, contribuam para a inovação no setor tecnológico.

Na ciência de dados, por exemplo, a experiência desempenha um papel fundamental na interpretação e contextualização das informações. Modelos preditivos e análises estatísticas podem gerar insights poderosos, e é justamente a experiência acumulada que permite distinguir correlações frágeis de tendências realmente significativas.

Já na área de Data Analytics, com a qual convivo diariamente, destaco que a combinação entre experiência e conhecimento técnico tende a ser altamente vantajosa. Profissionais mais velhos oferecem uma visão estratégica apurada e uma abordagem baseada em décadas de aprendizado como um diferencial competitivo. A análise de grandes volumes de dados, por exemplo, não exige apenas domínio técnico, mas também capacidade de interpretar tendências e contextualizar informações de forma assertiva. Essa habilidade, muitas vezes, é fortalecida com a experiência acumulada ao longo dos anos.

A inclusão da diversidade etária precisa provocar mudanças estruturais dentro das companhias. As empresas devem investir em programas de mentoria intergeracional, nos quais profissionais experientes compartilham conhecimento com os mais jovens e vice-versa. Também é essencial revisar os modelos de carreira, valorizando a contribuição dos mais velhos, e proporcionando oportunidades reais de desenvolvimento para pessoas de todas as idades.

Mais que inclusão, valorizar a diversidade etária é uma estratégia inteligente para o futuro. Ao integrar profissionais de diferentes gerações, as empresas do setor tecnológico, de todos os portes, ganham em criatividade, produtividade e competitividade. Quebrar os desafios do etarismo na tecnologia significa encarar a questão com seriedade e com um olhar para o futuro. Assim, o setor continuará evoluindo de maneira sustentável e inovadora.

Valorizar a diversidade significa enriquecer um trabalho com perspectivas complementares e garantir tomadas de decisões mais estratégicas e fundamentadas. O futuro da tecnologia depende da integração de talentos de todas as idades para promover ambientes mais inovadores, inclusivos e preparados para os desafios de um mundo cada vez mais digital e orientado por dados.

*Elaine Bernardes é diretora de Gente da Leega, responsável por liderar a área de Recursos Humanos e Recrutamento e Seleção, além de promover o engajamento dos colaboradores, a cultura e os valores da empresa. É formada em Administração pelo Centro Universitário Íbero-Americano e tem mais de 25 anos de experiência em gestão e liderança na área de Recursos Humanos.

COMENTE ABAIXO:
Leia Também:  DIA MUNDIAL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL LIBERTADORA
Propaganda

Artigos

Quem são os verdadeiros vendedores de saúde?

Publicados

em

Autor: Valter Casarin*

Qual é a visão que a sociedade tem dos vendedores de adubos? Eles são atores essenciais na agricultura e na jardinagem, frequentemente vistos como consultores técnicos e fornecedores de produtos essenciais para o crescimento das plantas e a fertilidade do solo. Mas, essa percepção pode variar: alguns os veem como parceiros técnicos confiáveis, enquanto outros podem considerá-los mais como um comerciante, vendedores de produtos que podem fazer mal à saúde.

Na realidade, o vendedor de adubos está em contato direto com agricultores, aconselhando-os sobre a seleção e o uso adequado dos produtos para otimizar a produtividade e a saúde das culturas. E é exatamente isso que eles são, um elo vital na cadeia de suprimentos, fornecendo às plantas os nutrientes necessários para o crescimento e a fertilidade do solo.

Os clientes podem ver o vendedor como um parceiro que os ajuda a entender as necessidades do seu solo e a escolher os adubos mais eficazes, especialmente se oferecerem soluções personalizadas para a sua situação específica. A imagem também pode ser reduzida à de um simples comerciante, especialmente quando o vendedor é percebido como focado em produtos químicos e não em soluções sustentáveis.

Se o vendedor promover fertilizantes orgânicos ou soluções ecológicas, poderá ser percebido positivamente como um agente ativo no desenvolvimento sustentável e na saúde do solo. Fertilizantes orgânicos e ecológicos estão cada vez mais populares, e os vendedores que os oferecem podem melhorar sua imagem.

Em resumo, o vendedor de adubos não ajuda somente a nutrição e a saúde das plantas, mas ele é vendedor de saúde humana, pois os nutrientes contidos no adubo irão fertilizar o solo, o qual irá nutrir as plantas para gerar a produção de alimentos que chegam à nossa mesa, gerando o café da manhã e nossas refeições. Cada alimento que chega à mesa traz junto os nutrientes necessários para compor nossa saúde, permitindo o aumento do nosso estado imunológico.

Além da nossa saúde, os adubos são responsáveis por manter o solo fértil e permitir a manutenção de seu poder produtivo, evitando a necessidade de abrir novas áreas, ou seja, derrubar florestas. Isso significa que enquanto estivermos usando os adubos de forma eficiente e balanceada, estaremos protegendo o nosso ambiente. Assim, quanto mais alimentos tirarmos da mesma área, menos árvores vamos retirar da natureza.

A visão de uma indústria de adubos ou de um vendedor de adubos é distorcida, pois, tanto a indústria, quanto o vendedor, levam a saúde até os nossos pratos, mas além disso, estão respeitando o meio ambiente, fazendo com que a produção de alimentos, fibras e energia sejam feitas de forma sustentável, com grande respeito a sua saúde e ao seu bem-estar.

*Valter Casarin, coordenador geral e científico da Nutrientes Para a Vida é graduado em Agronomia pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/UNESP, Jaboticabal, em 1986 e em Engenharia Florestal pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP, Piracicaba, em 1994. Concluiu o mestrado em Solos e Nutrição de Plantas, em 1994, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Recebeu o título de Doutor em Ciência do Solo pela École Supérieure Agronomique de Montpellier, França, em 1999. Atualmente é professor do Programa SolloAgro, ESALQ/USP e Sócio-Diretor da Fertilità Consultoria Agronômica.

COMENTE ABAIXO:
Leia Também:  DIA MUNDIAL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL LIBERTADORA
Continue lendo

MAIS LIDAS DA SEMANA