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Pré-eclâmpsia: fatores de risco e a importância da prevenção

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Autora: Giovana Fortunato*

Na última semana, a cantora brasileira Lexa foi internada com pré-eclâmpsia precoce, uma condição séria que pode ocorrer durante a gestação e exige atenção médica imediata. O caso reacendeu um alerta sobre a importância do pré-natal regular e do acompanhamento médico para prevenir complicações maternas e fetais.

A condição consiste em um quadro clínico de altos níveis de pressão arterial em mulheres grávidas e contribui para 10% a 15% das mortes maternas diretas globalmente.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão na Gravidez (RBEHG), estima-se que anualmente a doença seja responsável por 80 mil mortes maternas e 500 mil mortes fetais.

As complicações potenciais da pré-eclâmpsia quando não tratada adequadamente incluem risco de morte materna e complicações obstétricas graves, como hemorragia cerebrovascular, edema pulmonar, lesão renal aguda, ruptura hepática, descolamento prematuro da placenta e eclâmpsia. Além disso, há riscos para o feto, como restrição de crescimento e oligoidrâmnio, podendo levar à prematuridade.

O que é a pré-eclâmpsia?

A pré-eclâmpsia é uma síndrome hipertensiva da gravidez, caracterizada pelo aumento da pressão arterial associado a sinais de comprometimento de órgãos, como rins e fígado. Pode se manifestar após a 20ª semana de gestação, sendo classificada como precoce (antes da 34ª semana) ou tardia (após esse período). Se não for devidamente tratada, a pré-eclâmpsia pode evoluir para eclâmpsia, uma condição ainda mais grave, caracterizada por convulsões, risco de parto prematuro e complicações para a mãe e o bebê.

Fatores de Risco

Embora qualquer gestante possa desenvolver pré-eclâmpsia, alguns fatores aumentam o risco, como:

– Primeira gestação ou intervalo longo entre gestações anteriores;
– Histórico familiar da condição;
– Hipertensão arterial crônica ou doenças renais pré-existentes;
– Obesidade e diabetes gestacional;
– Gravidez de gêmeos ou mais;
– Idade materna abaixo de 18 anos ou acima de 35 anos;
– Presença de doenças autoimunes, como lúpus.

Prevenção: Como reduzir os riscos?

O acompanhamento pré-natal é fundamental para detectar sinais precoces e prevenir complicações. Algumas medidas que ajudam a reduzir os riscos incluem:

– Monitoramento frequente da pressão arterial;
– Alimentação balanceada, rica em cálcio e pobre em sal e alimentos ultraprocessados;
– Controle do ganho de peso durante a gestação;
– Prática de atividades físicas leves, conforme orientação médica;
– Uso de ácido acetilsalicílico (AAS) e suplementação de cálcio em gestantes de alto risco (sob recomendação médica).

Tratamento e cuidados

O tratamento depende da gravidade do quadro e da idade gestacional. Em casos leves, o controle pode ser feito com repouso, monitoramento médico frequente e medicamentos para controle da pressão arterial. No entanto, em quadros mais graves, a internação pode ser necessária para acompanhamento rigoroso e, em alguns casos, o parto prematuro pode ser a única solução para proteger a vida da mãe e do bebê.

Nesse caso, preparar a prevenção de amadurecimento pulmonar fetal com uso de medicação para estímulo de células pulmonares fetais e redução de complicação pulmonar do feto. Uso de medicações anti hipertensivas para controle rigoroso da pressão arterial, monitorar com ultrassom e estudo Doppler com a finalidade de avaliar o comprometimento de fluxo útero- placentário, medidas de desenvolvimento e crescimento fetal, quantidade de líquido amniótico, avaliação de maturidade placentária. Esses eventos devem ser documentados de perto para qualquer alteração que indique uma resolução precoce da gestação por indicação materna e/ou fetal. O controle do binômio materno-fetal é de suma importância para o desfecho satisfatório da gestação.

Casos como o da cantora Lexa reforçam a importância do pré-natal bem conduzido e da informação sobre doenças que podem acometer a gestação. Se você está grávida ou pretende engravidar, procure seu ginecologista e siga todas as recomendações médicas para garantir uma gestação segura.

*Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium, em Cuiabá (MT).

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Irrigação: a resposta para Mato Grosso

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Autor: Hugo Garcia* – 

Nos períodos de seca, quando as temperaturas elevadas comprometem o solo e as poucas chuvas isoladas reduzem a umidade, colocando em risco a produção agrícola, é cada vez mais urgentes soluções estruturais para que o estado continue sendo referência no agronegócio e, ao mesmo tempo, garanta a segurança alimentar e o sustento de milhares de famílias. Nesse contexto, a irrigação se consolida como a principal aliada do produtor rural.

Áreas irrigadas representam a diferença entre perder uma safra inteira ou assegurar colheitas regulares, mesmo em períodos de estiagem ou chuvas irregulares e espaçadas. Com a irrigação, o agricultor consegue manter a produtividade e a qualidade das lavouras, reduzindo os impactos da falta de chuva e garantindo previsibilidade para planejar sua atividade. Essa segurança produtiva não só protege os investimentos feitos no campo, como também fortalece toda a cadeia de abastecimento, do pequeno comércio às indústrias de transformação.

Outro ponto essencial é que a irrigação abre espaço para a diversificação das culturas. Em propriedades irrigadas, é possível produzir hortaliças, frutas e sementes especiais durante todo o ano, agregando valor e ampliando as oportunidades de renda. Para a agricultura familiar, esse benefício é ainda mais significativo: com sistemas adequados de irrigação, pequenos agricultores deixam de depender exclusivamente do regime de chuvas e passam a ter mais estabilidade, ampliando a oferta de alimentos frescos e de qualidade para a população.

A criação da Política Estadual de Agricultura Irrigada pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso – uma lei de minha autoria enquanto deputado estadual em exercício – foi um passo fundamental para consolidar a irrigação como política de Estado. A lei estabelece diretrizes claras para ampliar áreas irrigadas, promover o uso racional da água e estimular a modernização dos sistemas produtivos. A Aprofir participou ativamente desse debate e segue acompanhando sua implementação, pois acreditamos que somente com arcabouço legal sólido e políticas públicas permanentes será possível expandir os benefícios da irrigação a todos os produtores.

No entanto, para que a lei se traduza em resultados concretos, é preciso enfrentar entraves históricos que ainda limitam a expansão da irrigação. Entre eles, destacam-se o alto custo e a falta de estrutura de redes de energia elétrica, impactando diretamente a operação de bombas e sistemas, e a burocracia relacionada à outorga de uso da água, que se mostra morosa e complexa, especialmente para o pequeno produtor que não dispõe de assistência técnica especializada. São barreiras que acabam excluindo justamente quem mais precisa da irrigação para se manter no campo.

Na Aprofir, temos trabalhado de forma permanente para enfrentar esses gargalos. Nosso objetivo é propor soluções junto ao poder público e parceiros institucionais, buscando alternativas que garantam tarifas de energia mais compatíveis com a realidade do setor e processos de outorga simplificados e acessíveis. Também defendemos a ampliação de linhas de crédito e programas de capacitação para que agricultores familiares tenham condições reais de adotar a irrigação como instrumento de fortalecimento econômico e social.

Garantir a expansão das áreas irrigadas em Mato Grosso não é apenas uma questão técnica, mas uma necessidade estratégica. É investir em resiliência diante das mudanças climáticas, em segurança alimentar para a sociedade e em oportunidades de crescimento para os pequenos agricultores. A irrigação, portanto, não deve ser vista apenas como um recurso tecnológico, mas como uma política de inclusão e de desenvolvimento, capaz de transformar a realidade do campo e oferecer um futuro mais seguro para todos.

*Hugo Garcia é presidente da Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir)

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