Com as queimadas no Pantanal se intensificando no segundo semestre, o Parque Estadual Encontro das Águas, localizado no Mato Grosso e considerado como a região com maior concentração de onças-pintadas do mundo, registra seu segundo pior ano de queimadas desde 2013. A informação é do monitoramento feito pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo o Lasa, 20,18% da área do parque foi afetada por queimadas com base nos alertas de incêndio detectados por satélites. No total, são 21.825 hectares, a terceira maior marca desde o início do monitoramento, em 2012. Em 2013, foi registrado o até então segundo pior ano, com 255 mil hectares. Como ainda estamos em outubro, a possibilidade é que o acumulado de 2023 supere o de 2013.

De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) do Estado de Mato Grosso, o parque possui a maior concentração de onças do país: são 8 onças a cada 100km, que também é uma média alta em comparação com outros locais do mundo.

De acordo com dados do Lasa, o Parque Encontro das Águas é a segunda região com a maior proporção de queimadas dentro do Pantanal. Em primeiro lugar, está a terra indígena Tereza Cristina, com 48,99% da sua área afetada pelo fogo.

Em 2023, o Pantanal já acumula a área queimada de 338.350 hectares. Esse número representa aumento em relação a 2022 (227.550 ha), mas uma queda contra 2021 (1.176.900 ha) e em relação a 2020, considerado o pior ano de queimadas no Pantanal, que teve uma área de mais de 3 milhões de hectares afetada pelo fogo.

O Corpo de Bombeiros do Mato Grosso informou que, nesta última terça-feira (24), três aviões foram usados para combater o incêndio no Parque Estadual Encontro das Águas. Cerca de 30 bombeiros continuaram no combate ao fogo entre os Rios Cuiabá, Canabu e São Lourenço.

MT tem mais de 2 mil focos de calor nesta quinta-feira

O Boletim Risco de Incêndio da Universidade Federal do Estado de Minas Gerais (UFMG), informou que 2.036 focos de incêndio foram identificados no Estado de Mato Grosso nesta quinta-feira (16). Os municípios com mais focos estão na região do Pantanal, no Centro-Sul do Estado são: Poconé, Barão de Melgaço e Cáceres.

Apenas em Poconé, foram registrados 1.498 focos. Em Barão de Melgaço, 361 e, em Cáceres, 73. O segundo município com mais focos foi Miranda, com 570.

O modelo computacional desenvolvido pela Universidade Federal do Estado de Minas Gerais (UFMG), ainda alertou que existem 588 km² em risco de espalhamento de incêndio no município de Paranatinga, na Mesorregião Norte do Estado.

Acesse aqui o Boletim completo.

Número de focos de calor cresceu 23% em MT, comparado a 2021

Dos 141 municípios de Mato Grosso, cem não possuem unidades permanentes do Corpo de Bombeiros. É o caso dos dois primeiros colocados no ranking que aponta a concentração de números de focos de calor de janeiro deste ano até o momento: Feliz Natal, com 460, e Nova Ubiratã, com 447, são responsáveis por 13% dos focos no Estado. Em ambos os casos, há apenas brigadas temporárias, que tentam contornar o problema dos incêndios florestais durante o período da seca.

Os dados são do Monitor de Queimadas do Instituto Centro de Vida (ICV) e apontam que, em 2022, de 1º de janeiro a 30 de junho, o número de focos de calor em Mato Estado cresceu 23% em relação ao mesmo período de 2021. Além disso, segundo o BD Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Mato Grosso se mantém no primeiro lugar entre os Estados com mais focos no Brasil, com total de 6,8 mil.

Frente aos números alarmantes e em atenção ao próximo período da seca, o ICV apresentou o 2º mapeamento das brigadas de prevenção e combate aos incêndios florestais no Estado. A análise identificou o aumento de 13 brigadas e unidades do Corpo de Bombeiros em comparação ao ano anterior. O número total é 127.

Em números gerais, do Corpo de Bombeiros, considerando tanto os instrumentos de respostas temporárias quanto as unidades operacionais permanentes, o levantamento observou o aumento de 78 para 85. O dado evidencia uma melhor estruturação, no entendimento dos especialistas.

Vale destacar que existem vários tipos de brigadas, que podem ser particulares, comunitárias, federais, estaduais e municipais. Cada uma possui suas características e políticas próprias, mas têm a finalidade de prevenir e combater o fogo.

O levantamento deste ano mostra que as Brigadas Estaduais Mistas (BEMs), do Corpo de Bombeiros, passaram de 11 para 29, conforme o Plano de Operações da Temporada de Incêndios Florestais (POTIF). Apesar disso, as Bases Descentralizadas de Bombeiro Militar (BDBMs) diminuíram. De 22 unidades, foram para 8. Tanto as BEMs quanto as BDBMs são brigadas consideradas temporárias.

Desmatamento

É importante lembrar que as duas cidades figuram, recorrentemente, na lista dos recordistas na devastação da Amazônia Legal. Em Feliz Natal, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgado em março, os alertas de desmatamento na área chegaram 17,2 km². Os municípios também estão entre os 20 que mais desmatam ilegalmente no Estado.