INVESTIMENTO ESTRANGEIRO DIRETO

Por William Cardoso

Com a possibilidade de instalação de uma ZPE – Zona de Processamento de Exportação – em Cáceres, vejo em Várzea Grande um enorme potencial para o ressurgimento de uma indústria forte, baseada em pequenas e médias indústrias, produtoras de insumos – para as multinacionais que se instalarem na ZPE – como geradora de empregos no município.

Entretanto, um dos grandes entraves na instalação destas pequenas e médias empresas produtoras de qualquer área industrial é o investimento. Uma resposta para essa demanda seria o IED – Investimento estrangeiro direto que é; todo dinheiro vindo do exterior, aplicado na estrutura produtiva doméstica de um mercado, isto é, na forma de participação acionária em empresas já existentes ou na criação de novas. 

Esse tipo de investimento é o mais interessante porque os recursos entram no país, ficam por longo tempo e ajudam a aumentar a capacidade de produção doméstica. Os benefícios decorrentes do ingresso de IED e seu potencial como instrumento para induzir o crescimento de uma região são reconhecidos plenamente por analistas conceituados. Mesmo os países desenvolvidos frequentemente demonstram preferência pelo IED, já que este tende a trazer benefícios que nem sempre os investidores locais conseguem proporcionar à economia de seu país.

Com a globalização, o fluxo de capitais ficou mais fácil e os investimentos potenciais aumentaram, aí se apresenta a oportunidade para a Várzea Grande estruturar seu portfólio, pesquisar para identificar e prospectar o capital estrangeiro interessado nos potenciais deste município que, diga-se de passagem, não são poucos.

Através da ligação com empresas domésticas, principalmente os seus fornecedores, as empresas de capital estrangeiro podem dividir o seu "know-how" com a comunidade local.    Na área de recursos humanos, tais empresas acabam disponibilizando no mercado de trabalho local, por um motivo ou por outro, certo número de empregados e executivos por elas treinados, beneficiando outras empresas domésticas. Várzea Grande precisa implementar suas legislações adequando-as a uma realidade que se torne atrativa à vinda desse capital estrangeiro, o alinhamento com os Governos Estadual e Federal possibilitam habilitar-se cada vez mais. Quando o gestor do capital estrangeiro analisa a viabilidade de um investimento, quais fatores influenciam sua decisão?

· Potencial do mercado local

É fator importante, porém não preponderante pois o capital estrangeiro tem optado por locais onde existam outros fatores complementares à existência de um mercado doméstico potencialmente interessante, facilitar acesso aos nossos dados pode facilitar negócios.

· Perspectivas de crescimento

Investidores interessados no mercado interno ou em ganhos de eficiência, preferem regiões com perspectivas de crescimento econômico e de elevação dos índices de produtividade, mostraremos que temos um município com esse perfil, com base em projeções.

· Recursos naturais

Alguns produtos dependem prioritariamente de vastos recursos naturais para sua viabilização, levantamentos e ampla divulgação de tais recursos facilitariam a pesquisa das empresas interessadas em investir na Várzea Grande.

· Liberdade operacional e transparência burocrática

A liberdade para operar no mercado doméstico é fator decisivo, entraves burocráticos que dificultem os lucros também afetam a decisão, investidores buscam municípios onde as relações intragovernamentais trabalhem oferecendo assistência ao setor privado e não complicando suas atividades.

· Cenário econômico estável

Investidores que buscam ganhos em eficiência são atraídos por países com economia estável e com transparência nas regras e processos públicos. Daí a importância de a Várzea Grande estar alinhada com os governos Estadual e Federal e ter suas contas devidamente equilibradas, entretanto, manter alguns regulamentos, como os contra a poluição, não é considerado impedimento, geralmente, os investidores já obedecem a leis similares em seus países e a observância a regulamentos da espécie no país anfitrião é considerada natural.

· Redução de riscos

Existe ainda a premissa de que os custos gerados pela distância do país receptor e os custos do empreendimento precisam se situar em níveis considerados ao menos, aceitáveis.

· Estabilidade Cambial

A instabilidade cambial diminui possibilidades de faturamento. A volatilidade cambial é altamente preocupante, principalmente pela incerteza se se os níveis serão mantidos como no momento do investimento.  Os lucros são realizados em moeda estrangeira, porém acontece em reais e para o aporte de lucros faz-se uma conversão. Com a elevação da taxa da moeda estrangeira, o governo pode adotar manobras como: a elevação da taxa de juros; adoção de políticas recessivas; ajustes fiscais que acarretem elevação dos preços finais. Juros altos, menos investimento, menor consumo… Aumento no desemprego e, queda na renda.                        

O gestor municipal deve estar atento a cada destes sinais, antecipando-se aos fatos da política econômica, pensando estratégias pragmáticas criativas a fim de realizar gestão eficiente, evitando ou contornando eventuais crises, mantendo sempre a confiança dos potenciais investidores prospectados.

*William Cardoso é Advogado, Empresário e Presidente do PSDB em Várzea Grande