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Rodrigo Barros: – A urgência em promover o acesso a alimentação saudável no Brasil e diminuir a obesidade

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A urgência em promover o acesso a alimentação saudável no Brasil e diminuir a obesidade

Por: Rodrigo Barros

Em um recente estudo divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que mais de um quinto da população brasileira está obesa. O relatório aponta que este número chegou a 22,1% da população em 2016, aproximando o Brasil da taxa dos países ricos que formam o G20, grupo das nações que integram a maior economia do mundo. Só entre as crianças brasileiras, o número de obesos é de 11% e, de pré-obesas, 17,2%. Já, entre as mulheres adultas o número salta para 25,4%, enquanto os homens, 18,5%. Tal levantamento usa como critério o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), uma equação que leva em conta o peso e a altura de cada indivíduo. Um IMC que varia entre 25 e 29,9 indica um sobrepeso; 30 aponta obesidade e; acima de 35 é classificado como obesidade mórbida.

Os dados do estudo trazem também uma informação importante: pessoas de baixa renda e com menor nível educacional são as que apresentam maior tendência à obesidade, visto que o acesso a alimentação saudável torna-se cada vez mais difícil. As consequências vem em cadeia, de nível econômico a social. O sobrepeso é uma grave ameaça à economia dos países, causando impactos significativos nos cofres públicos, que precisam arcar com os custos do tratamento de doenças como diabetes e problemas cardiovasculares, decorrentes do excesso de peso. Para quem sofre destes males, o acompanhamento médico é imprescindível e, portanto, o sobrepeso será, também, causador de afastamentos no mercado de trabalho.

Se ir ao médico é vital, deixar o posto de trabalho com frequência será, para o negócio, bastante prejudicial. A instabilidade do colaborador reduz a possibilidade em continuar empregada, aumentando, em contrapartida, a taxa de desemprego. Se o desemprego assusta, é preciso colocar mais um fator nessa balança: as doenças decorrentes do excesso de peso precisam de medicamento para o controle efetivo, o que tende a provocar um desequilíbrio ainda maior nas finanças – seja ela da própria pessoa enferma, ou do governo, que arca subsidiando as drogas. Para a OCDE, este resultado pode ter um impacto negativo de 5,5% no PIB, entre 2020 e 2050, sendo que, neste mesmo período, a expectativa de vida dos brasileiros sofrerá uma redução em até três anos.

Diante desse quadro, é imperioso que o processo de universalização e o acesso a boa alimentação seja facilitado por empresas, governos e órgãos ligados à saúde pública. São intervenções necessárias e urgentes, que deve ter por objetivo quebrar paradigmas de mudança dos hábitos alimentares. Isso significa deixar de associar a comida saudável com algo ruim ou sem sabor – como a xoxa e insossa salada de folhas. É preciso que o brasileiro conheça outros sabores, texturas e combinações, descubra temperos e vivencie experiências gastronômicas que unam o saboroso e saudável. Mas, mais do que isso, que tenha acesso a “comida de verdade” por um valor acessível, compatível com a renda média do brasileiro.

A proposta de universalizar o acesso a alimentação saudável pode soar ampla e genérica, mas se refere à proporcionar ao brasileiro uma dieta equilibrada, composta por macros e micronutrientes essenciais ao bom funcionamento do organismo, como proteínas, fibras, vitaminas e minerais. Fazer o bem por meio da alimentação não é apenas deixá-lo magro, mas sim torná-lo capaz de exercer com facilidade suas funções sociais e, principalmente, econômicas. É, para governos e organizações, alterar a ordem de investimento: ao invés de aportar no tratamento da doença, é direcionar à prevenção, priorizando a saúde. A mudança de hábito não é benéfica apenas para pessoa, mas também para saúde dos cofres públicos.

Rodrigo Barros é administrador de empresas e CEO da Boali, maior rede de alimentação saudável do Brasil. Ex-jogador de futebol e fundador da HandsOnTV, plataforma empreendedora presente em mais de 130 países, que realiza competições de startups na Europa.

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Endometriose: uma patologia ainda desconhecida

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Autora: Giovana Fortunato*

Endometriose é uma doença ginecológica crônica, benigna e multifatorial que acomete principalmente mulheres em idade reprodutiva. Define-se pela presença de tecido endometrial fora do útero, com predomínio na pelve feminina. É fundamental os profissionais reconhecerem os principais sintomas para realizarem o diagnóstico precoce. Infelizmente, ainda hoje, a média estimada do tempo entre o início dos sintomas até o diagnóstico definitivo é de aproximadamente sete anos.

Os principais sintomas são: dismenorreia (cólicas), dores pélvicas, dispareunia (dores no intercurso sexual), alterações intestinais (distensão abdominal, sangramento nas fezes, constipação, dor anal no período menstrual), alterações urinárias (disúria, hematúria, polaciúria e urgência miccional no período menstrual) e infertilidade.

A ultrassonografia pélvica e transvaginal com preparo intestinal e a ressonância magnética com protocolos especializados são os principais exames e deverão ser realizados por profissionais com experiência.

A endometriose pode ser dividida em três apresentações: superficial, ovariana e profunda.

O tratamento clínico hormonal é eficaz no controle da dor pélvica e deve ser o tratamento de escolha na ausência de indicações absolutas para cirurgia, sendo os progestagênios e contraceptivos orais combinados as medicações de primeira linha para tratamento desses quadros, mas não deve ser oferecido para mulheres com desejo reprodutivo.

O tratamento cirúrgico deve ser oferecido às pacientes em que o tratamento clínico for ineficaz ou na presença de endometriomas ovarianos volumosos, lesões de ureter causando hidronefrose, lesões sub oclusivas ou obstrutivas intestinais e lesões de apêndice. Existe grande associação entre endometriose e infertilidade; tanto a cirurgia quanto às técnicas de reprodução assistida podem ser oferecidas nesta condição.

Vale ressaltar que a queda da qualidade de vida, não ocorre apenas do âmbito físico e das morbidades advindas dos sintomas da endometriose. A doença causa significativos impactos psicológicos, tais como, dificuldades nas relações interpessoais afetivas e na sexualidade, estresse, depressão e ansiedade, dentre outros.

A abordagem desenvolvida por uma equipe multidisciplinar, representa um melhor plano de tratamento, permitindo a detecção imediata de sintomas psicopatológicos e físicos, o que resulta em desfechos mais positivos.

O estigma social associado à endometriose é grande, pois ainda existe quem considere que dor menstrual é normal e que a mulher tem que aguentar, assim como dor durante a relação sexual.

As campanhas educativas têm um papel importante na divulgação de informações, contribuindo para o diagnóstico precoce da endometriose e, também, para uma mudança de crenças e atitudes negativas, estimulando a procura pelos cuidados de saúde.

*Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium, em Cuiabá (MT).

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