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Marcel Yamada: – Cirurgia menos invasiva para hérnia de disco lombar

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    Cirurgia menos invasiva para hérnia de disco lombar
 
Por: Marcel Yamada – 

Dor irradiada para uma ou ambas as pernas pode se tratar de hérnia de disco lombar. Este é um das principais diagnósticos do processo de envelhecimento da coluna vertebral, acometendo cerca de 3% da população.  A coluna vertebral é formada por blocos de ossos, sendo que entre eles existe uma almofada que funciona como amortecedor, chamada de disco intervertebral. Ela possui uma gelatina em seu centro, sendo contida por um anel. A dor acontece quando ele se rompe e o conteúdo gelatinoso extravasa e comprime uma raiz nervosa, gerando sintoma de dor ciática.

A ciática se refere à dor lombar que se irradia para perna, geralmente abaixo do joelho e chegando até o pé. Em cerca de 90% a 95% dos casos, o tratamento da hérnia discal lombar é conservador, podendo ser resolvido apenas com fisioterapia. Em casos em que a dor não cessa após 4 ou 6 semanas, é uma opção realizar cirurgia para retirar a hérnia discal por procedimentos minimamente invasivos. Os casos que exigem cirurgia com urgência são aqueles em que há perda de força nas pernas ou pés, ou em casos de perda urinária ou fecal.

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A Cirurgia Minimamente Invasiva é um conceito de cirurgia na qual, por meio de pequenas incisões cirúrgicas, são retiradas as hérnias de disco, aliviando a compressão do nervo. A cirurgia é realizada com auxilio de microscópio, o que permite visualizar as estruturas com grande aumento. Os cortes têm dimensões de 2,5cm a 3,5cm, o que causa mínimo trauma da musculatura da coluna. Assim, o paciente pode voltar a andar no mesmo dia da operação. Na grande maioria dos casos em que não há instabilidade da coluna, não é necessário a colocação de próteses, pois se preserva a estrutura da coluna.

Outra modalidade de cirurgia menos invasiva é a realização com endoscopia, com uma incisão mínima de aproximadamente um polegar que permite alta no mesmo dia da cirurgia. O procedimento é realizado por vídeo, sendo possível visualização direta da hérnia de disco por meio de câmeras de alta definição. O objetivo principal das técnicas minimamente invasivas é proporcionar menor morbidade aos pacientes, diminuindo a dor pós-operatória, rápido retorno às atividades do dia a dia, bem como diminuição de riscos de complicações como infecção, perda sanguínea e internação prolongada.

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* Dr. Marcel Yamada é médico especializado em neurocirurgia pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto. É diretor da clínica Yamada e atua em Cuiabá sob o CRM 8470.

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Antes da chegada dos portugueses, como viviam os indígenas?

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Autor: Víktor Waewell*

Nem sempre é fácil lembrar que o território brasileiro foi dominado por indígenas. Não temos a facilidade de ver grandes monumentos, como no México ou Egito, nem construções espanholas erguidas sobre fundações incas, como no Peru. Talvez por isso existam no nosso imaginário noções tão equivocadas sobre os nativos do Brasil.

Possivelmente, a mais grave seja achar que todos os povos tinham costumes parecidos. Seria como dizer que italianos e noruegueses, por serem europeus, têm a mesma cultura. Há similaridades entre estes, sendo, por exemplo, ambos povos de tradição cristã, mas diferem em língua, culinária, temperamento e muito mais. Com os indígenas brasileiros, é mais ou menos isso.

Estamos falando de centenas de línguas, milhares de deuses e rituais, alguns específicos de uma região. Ainda assim, o topo do panteão, no geral, era de Monan, o deus criador, que deixou o mundo sob a guarda de Tupã, um deus do trovão. De toda forma, os nativos não cultuavam seus deuses, mas os ancestrais.

Dos deuses e dos heróis do passado, ouviam histórias em volta da fogueira, um emaranhado riquíssimo de narrativas com ares mitológicos. Imagine algo como a mitologia grega, também desenvolvida antes da escrita. Uma pena que, no caso da cultura dos nativos brasileiros, não foi registrada, como Homero fez na Grécia, então sobraram retalhos para imaginarmos com pesar o que se perdeu.

Andando pelas trilhas, logo se perceberia mudarem também as receitas culinárias, com ingredientes cuja variedade de norte a sul até hoje nos surpreende. Além dos caules, folhas, raízes e frutas, uma infinidade de carnes de caça e de pesca, entre macacos, aves, peixes, tartarugas, jacarés, capivaras, formiga tanajura e por aí vai.

Outro equívoco comum sobre os nativos é a ideia de uma ocupação esparsa. Ora, só na cidade do Rio de Janeiro, região de mata exuberante, os relatos falam em centenas de aldeias, cada uma com 400 a 4 mil pessoas. Desdobrando para o continente, seriam facilmente dez milhões de indígenas. Para se ter uma ideia, a capital do império Asteca, Tenochtitlán, pode ter chegado a 300 mil habitantes, uma das maiores cidades do mundo na época, superior a Lisboa, Paris e Madrid juntas.

No Brasil, não havia cidades tão grandes. Mas a ocupação era densa. Do alto de um morro em praticamente qualquer ponto perto do litoral, que tendia a ter maior densidade populacional, seria possível avistar várias aldeias no entorno, as suas malocas se sobressaindo no arvoredo, clareiras das praças centrais e das plantações, com ondulações pela mata mostrando o caminho dos rios e das trilhas. Algumas aldeias seriam aliadas entre si, habitadas por parentes mútuos. Mais comum era que fossem inimigas. Pois, enquanto as mulheres cuidavam das plantações e dos bebês, era da guerra que os homens se ocupavam. Como é o padrão histórico humano, o poder tendia ao patriarcado.

Aquele era um mundo complexo, divertido, dançado, de uma abundância que favorecia o ócio, mas com risco constante de ser capturado numa emboscada e acabar comido num ritual inimigo. As pessoas acreditavam que, comendo um guerreiro corajoso, pegariam um pouco daquela coragem. Por outro lado, nesse sentido, ser comido significava a própria coragem reconhecida pelo inimigo, portanto, uma honra. Entre os tupinambás, havia o ditado: “a tumba mais honrada é o estômago dos inimigos”.

Este fato, de comerem pessoas, até hoje é usado para detratá-los. Mas é bom ter em mente que, atualmente, os indígenas já não comem inimigos, assim como os portugueses abandonaram o costume de queimar bruxas, como era comum na mesma época. Muito do que somos hoje, a culinária, a higiene, uma profusão de chás medicinais, a relação com o quintal, muitas palavras na língua, a nossa característica étnica, tudo isso é herança de um riquíssimo caldeirão americano.

Neste Dia Nacional dos Povos Indígenas (19/04), deixo aqui a minha homenagem. Com coração radiante, dou um viva aos povos originários.

*Víktor Waewell é escritor, autor do livro “Guerra dos Mil Povos”, uma história de amor e guerra durante a maior revolta indígena do Brasil.

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