Search
Close this search box.

OPINIÃO

Glaucia Amaral: – As “Marias” nos representam

Publicados

em

 

                        As “Marias” nos representam

Autora: Glaucia Amaral

O título deste artigo se refere a três Marias. As primeiras, é claro, são as duas Marias eleitas para chefiar um dos poderes que constituem Mato Grosso: Maria Helena Gargaglione Póvoas, Desembargadora eleita Presidente do Tribunal de Justiça, e Maria Beatriz Ribeiro, Desembargadora eleita vice-presidente do TJMT.

Ainda neste ano o tema de mulheres no Poder foi recorrente. No artigo com o título: “Representatividade: é preciso mudar o referencial de quem é digno de ocupar o poder”, falava da importância das mulheres ocuparem espaços em todos os poderes.

Desde o final do primeiro turno, desenha-se uma análise que deveria virar este artigo sobre o expressivo aumento do número de cargos ocupados por mulheres, tanto no Poder Executivo de tantos municípios, quanto no Legislativo. Felizmente, por razões que a razão desconhece, não publiquei a análise das eleições, e me vejo com grande alegria podendo falar o que foi sonhado em julho: as mulheres ocupando cargos de liderança nos três poderes em nosso Estado.

É preciso que se diga que o natural, o organicamente razoável para a nossa sociedade atual é que homens e mulheres dividam de forma igual todos os cargos de poder. Afinal, hoje, homens e mulheres podem ter acesso à educação. E homens e mulheres deveriam estar em condições de igualdade no mercado de trabalho.

É uma anomalia que tenhamos metade da população economicamente ativa alijada, por crenças e costumes antigos, dos cargos de poder que gerem nossa república.

E aqui um parêntese: quando um homem recém-eleito forma seu gabinete e afirma que nomeia pela competência e que não encontra mulheres com competência suficiente para formar seu ministério ou secretariado, estamos diante de uma pessoa que padece gravemente de cegueira social quase deliberada. Afinal, em todos os setores há mulheres e homens capazes.

Quando disse acima que houve uma expressiva vitória feminina nas eleições municipais, não pensem que me dou por satisfeita com duas vereadoras apenas em nossa Capital, e pouco mais que 10% de prefeitas por todo o Estado. Ao todo foram eleitas 259 mulheres em Mato Grosso. Segundo estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a quantidade representa apenas 15,7% dentre os eleitos, enquanto que homens somam 1.381 vereadores, prefeitos e vices eleitos. Na comparação com as eleições 2016 foram apenas 31 mulheres a mais neste ano.

A nossa meta é 50/50 de todos os cargos eletivos divididos entre homens e mulheres, em todos os rincões do Brasil.

Porém, houve uma transformação, consistente na consciência da necessidade de se eleger mulheres, do efeito positivo desse voto diante do absurdo que é um parlamento inteiramente formado por uma única parcela da sociedade. É como se vivêssemos em um filme medieval. Se duas vagas ainda é pouco, duas vagas já são muito, desde que fruto da consciência de quem votou, fruto das próprias histórias políticas das eleitas (e não como apêndices de seus maridos, país ou qualquer outro homem que tenha tomado esta decisão e use a figura da mulher, sem que ela por si tenha voz).

Duas vagas na Câmara de Cuiabá, e tantas outras vereadoras pelo interior de um estado com um índice tão grande de violência contra a mulher é um excelente começo.

Saúdo todas as eleitas. E além de saudar, abraço todas as mulheres eleitas com o sentimento de irmandade ética que chamamos por sororidade. Serão minoria nas câmaras de vereadores e pioneiras na história de gestão dos municípios. Meu abraço é para cada dia em que retornarem às suas casas, feridas das batalhas, nas quais poderão se sentir sozinhas, ao longo desses quatro anos. Nunca esqueçam que estamos aqui: mulheres que defendem mulheres.

E de outro lado, como um vento forte com cheiro de esperança, em outro poder da república, no Poder Judiciário, vemos essa maiúscula vitória de Maria Helena Póvoas. Mulher que há décadas, como advogada, presidente da OAB, e magistrada oriunda do quinto constitucional, vem com firmeza e conhecimento técnico, ocupando todos os espaços que decidiu ingressar e que julgou necessário mudar.

O símbolo dessas duas mulheres, absolutamente competentes e fortes, chefiando o Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso deve ser festejado por quem deseja um futuro diferente para as meninas deste Estado. Sua coragem mostra a todas que é possível, que a mulher pode sim exercer o poder. Essa é uma imagem forte que precisa estar à vista dos olhos de nossas crianças e aproveitar em nosso processo educacional.

Às duas desembargadoras eleitas, também saúdo e também abraço com irmandade e ética. Para que se sintam sempre fortalecidas nesta missão única.

Marias. Nome de tantas brasileirinhas.

E Maria, nome que, com a licença das eleitas, também é o nome do meu símbolo maior. Aquela de quem me lembrei ao ver todo esse movimento. Maria, minha mãe. Que também me representa: uma mulher que antes das palavras feminismo e sororidade serem normais nesse canto do mundo onde todos nós vivemos, enfrentou tudo e todos, ocupando espaços e fazendo o que nós sabemos ser nosso dever: abrindo caminho para as demais. É com essa Maria, minha mãe, que me sinto sorrindo e celebrando esse resultado feminino de novembro. Ela iria gostar.

As Marias nos representam.

Glaucia Amaral é procuradora do Estado de Mato Grosso e presidente do Conselho Estadual de Direitos da Mulher de MT.

COMENTE ABAIXO:
Leia Também:  Drº Rosário Casalenuovo Júnior: - Medicina Integrativa - uma oportunidade de você ter saúde!
Propaganda

Artigos

Qualidade de vida afeta produtividade no trabalho

Publicados

em

Autora: Danielle Ruiz*

Uma pesquisa recente da Great People e Great Place to Work (GPTW, 2023) apontou que 51,4% dos brasileiros se sentem impactados negativamente pelo trabalho. Saúde mental e física, qualidade do sono e relações familiares foram as áreas citadas como mais prejudicadas. Diante desse contexto, precisamos urgentemente falar sobre a importância da qualidade de vida e produtividade.

Não há dúvida que a empresa ou organização precisa se conscientizar da importância de trabalhar práticas comportamentais para melhorar o desempenho pessoal, a qualidade de vida e as habilidades pessoais dos colaboradores, contribuindo assim com a construção do conhecimento incluindo metas, planejamento e autorrealização, o que geralmente é um trabalho de longo prazo.

Para começar, é muito importante entender dois aspectos sobre o comportamento dos seus colaboradores. O primeiro deles consiste nas emoções, que precisam ser equilibradas e gerenciadas, jamais reprimidas; já o segundo ponto compreende inúmeras transformações do colaborador, que em médio e longo prazo precisa receber todo apoio da empresa para alinhar objetivos de vida e profissionais.

Trabalhar esses aspectos básicos exige a geração de novos recursos, de modo a capacitar o colaborador para mudanças de mentalidade que incluam novas perspectivas, ideias, comportamentos, objetivos, confiança, crenças positivas, motivação enfim , mentalidade de crescimento que gere melhorias tanto pessoal quanto profissionalmente.

Embora não seja normal aquela “sensação ruim” aos domingos, antes da volta ao trabalho na segunda-feira, de acordo com a pesquisa da Great People & GPTW, ela é sentida por 55,78% dos entrevistados, com prevalência maior entre os mais jovens: 11,49% dos ‘baby boomers‘ a sentem, enquanto 57,39% da ‘geração Z’ têm o sentimento. Sim, gestores, temos que olhar para isso!

Esses números indicam que as pessoas muitas vezes não encontram propósito ou sentido no trabalho que fazem ou até que o pagamento não compense quando outros pilares da qualidade de vida são constantemente afetados, como não ter tempo ou estar muito cansado para fazer exercícios físicos, não conseguir realizar atividades de lazer, hobbies e ter momentos de qualidade com a família.

A pergunta é: como gestores e profissionais de recursos humanos podem criar uma cultura de cuidado em suas organizações? A primeira recomendação é promover programas internos com incentivos positivos para que o colaborador cuide bem da saúde.

Como as pessoas passam boa parte do dia no trabalho, a empresa tem muitas oportunidades para ajudar nesse aspecto: se beber mais água é bom para a saúde, ela deve ser fácil de acessar. Se exercícios são importantes para nosso vigor físico, por que não implantar um programa que engaja os colaboradores em atividades regularmente?

Esse mesmo raciocínio pode ser usado para evitar que hábitos ruins para a saúde ocorram no ambiente de trabalho. Pode ser uma delícia comer salgadinhos gordurosos, mas pode ser uma boa ideia tornar o acesso a eles mais difícil. Até porque, determinados alimentos (como frituras) podem gerar perdas substanciais em tempo produtivo.

O ideal é que a empresa ajude o funcionário a se concentrar apenas em hábitos que realmente melhoram a vida, o que naturalmente vai gerar benefícios que afetarão positivamente o próprio trabalho, dentre eles, podemos destacar mais energia, sistema imunológico mais forte, bom humor e longevidade.

Por fim, vamos falar em gerenciamento de estresse e da ansiedade (visto que o Brasil está no ranking dos países mais ansiosos do mundo) e que requer uma cultura corporativa saudável, levando em conta os pilares da qualidade de vida, que compreendem qualidade de sono, tempo de descanso, relações familiares, contato com a natureza, alimentação saudável, exercício físico regular, entre outras atividades de autocuidado que influenciarão no bem-estar e na produtividade .

Uma frase do escritor e palestrante norte-americano Robert Karch, reconhecido mundialmente como autoridade na área de promoção de saúde e membro dos conselhos da AAPM (American Association of Preventive Medicine) e da HERO (Health Enhanced Research Organization) diz assim:

Nem todas as empresas precisam investir em qualidade de vida, promoção de saúde ou coisa parecida. Só aquelas que querem ser competitivas no século XXI“.

*Danielle Ruiz, palestrante e coaching de alta performance, Master programação neurolinguística, Gestão de Equipes, A ciência do bem-estar pela Universidade de Yale

COMENTE ABAIXO:
Leia Também:  Drº Rosário Casalenuovo Júnior: - Medicina Integrativa - uma oportunidade de você ter saúde!
Continue lendo

MAIS LIDAS DA SEMANA