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Francisney Liberato: – Recriação automática!

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                           Recriação automática!

Autor: Francisney Liberato

É preciso recriar todos os dias a nossa vida para que ela desenvolva frutos saudáveis.

É preciso se recriar todos os dias a fim de que a nossa identidade não perca a capacidade de reestruturação a curto e a médio prazo. Com ou sem o seu esforço, haverá a recriação automática.

Para aquilo que foi destruído, temos basicamente algumas soluções: reconstruir, recriar, reinventar, modificar, renovar, ou podemos simplesmente deixar como está, isto é, destruído e sem perspectivas de um novo horizonte.

O cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul. Em Mato Grosso, boa parte da vegetação é composta pelo cerrado. Essa vegetação tem uma característica peculiar em relação aos outros biomas, uma vez que as suas árvores abrigam plantas de aparência seca, árvores com troncos retorcidos e curvados com folhas grossas e esparsas, raízes profundas e bastante ramificadas. Os solos têm poucos nutrientes e não são tão qualificados para uma plantação de qualidade.

O segundo semestre normalmente é um período muito seco e quente nos Estados do Centro-Oeste. A probabilidade de chuvas é pequena e com isso, conjugado a outros fatores, há uma proliferação de queimadas que devasta o que encontra por perto. A população e os animais sofrem à exaustão nesse período do ano. Mato Grosso é um dos recordistas em queimadas. O ano de 2020 não foi diferente, aliás, tivemos uma intensidade maior de calor, baixa umidade do ar, quase nada de chuvas e muitas queimadas e fumaça.

Percorrendo a cidade de Cuiabá e regiões vizinhas, a estrutura do cerrado é perceptível. Contudo, conforme já mencionado, o período de seca é devastador para esse tipo de vegetação. A sensação é de destruição total da vegetação, uma vez que seus troncos e árvores ficam queimados tanto quanto a vegetação rasteira.

Em um olhar panorâmico, conseguimos visualizar o caos e a destruição da vegetação. Porém, como em um passeio de caminhada contínuo e fazendo paralelo, é possível perceber que, ante à destruição da vegetação em um dia, basta uma chuva tímida na madrugada para que aquela vegetação cinzenta, sem vida, comece a brotar, a renascer, a recriar uma nova possibilidade de voltar ao estado anterior.

Recriação automática é a capacidade de restauração de algo que parecia sem vida e sem valor. O Deus que criou a vegetação oferece a oportunidade da recriação automática.

Assim, temos a possibilidade de aprender com o cerrado que, ainda que pereçamos, normalmente, como uma árvore retorcida, feia e que não chama a atenção de ninguém, sem valor, queimada etc., considerando, ainda, os fatores externos do clima e das queimadas, se desejarmos, poderemos receber a possibilidade de recriação automática, bastando apenas a intervenção de uma chuva para nutrir o solo da nossa vida e da nossa alma.

As “queimadas do mundo” vêm e destroem a nossa motivação e a nossa alegria, mas temos que buscar a possibilidade de reparação automática com a chuva que Deus concede para cada um de nós todos os dias de nossas vidas.

Temos a capacidade de nos reinventar!

É possível restaurar a nossa alma. É possível reconstruir a nossa motivação. É possível crescer e se desenvolver todos os dias. É possível florescer algo bom em nossos corações. É possível viver um novo dia todos os dias. É possível que haja a recriação automática da nossa vida. É possível que Deus conceda grandes oportunidades de você ser um sucesso neste mundo.

A sua identidade deve renascer! Não perca a possibilidade de permitir que a recriação automática seja uma realidade em sua vida. O cerrado tem a sua vegetação restaurada todos os anos. Não precisamos seguir a mesma trajetória do cerrado em termos de tempo de restauração. Podemos reestruturar e reequilibrar as nossas vidas todos os dias.

Francisney Liberato Batista Siqueira é Auditor Público Externo do Tribunal de Contas de Mato Grosso e Chefe de gabinete de Conselheiro do TCE-MT. Escritor, Palestrante, Professor, Coach e Mentor. Mestre em Educação pela University of Florida. Doutor em Filosofia Universal Ph.I. Honoris Causa. Bacharel em Administração, Bacharel em Ciências Contábeis (CRC-MT) e Bacharel em Direito (OAB-MT).

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Autor dos Livros: Mude sua vida em 50 dias”, “Como falar em público com eficiência”, “A arte de ser feliz”, “Singularidade”, “Autocontrole” e “Fenomenal”.

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VAMOS CUIDAR MELHOR DA NOSSA “CASA COMUM”?

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Autor: Juacy da Silva*

Quando os seres humanos destroem a biodiversidade na criação de Deus, quando os seres humanos comprometem a integridade da terra e contribuem para a mudança climática, desnudando a terra de suas florestas naturais ou destruindo as suas zonas úmidas; quando os seres humanos contaminam as águas, o solo, o ar, tudo isso é pecado (ecológico)” Porque um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus. Papa Francisco, Encíclica Laudato Si, 8, 2015.

Ao escrever e publicar a Encíclica Laudato Si (Louvado seja), em 24 de Maio de 2015, mesmo ano em que foi firmado o Acordo de Paris e a ONU aprovou a Agenda 2030, com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o Papa Francisco estava dirigindo suas exortações, suas preocupações quanto aos rumos do processo acelerado de destruição do Planeta Terra, não apenas aos cristãos católicos, mais de 1,6 bilhão ao redor do mundo, de quem é o líder religioso; mas também aos demais cristãos evangélicos que totalizam 800 milhões e, também, aos 1,9 bilhão de fieis muçulmanos, 1,2 bilhão de hinduístas e meio bilhão de budistas, quase um bilhão de adeptos de outras religiões, inclusive religiões de matriz Afro ou de povos tradicionais, que, da mesma forma que os cristãos creem que a natureza, a biodiversidade, enfim, todas as formas de vida animal e vegetal são Obras da Criação (de um criador) e pertencem `a humanidade como um todo e têm uma destinação universal para todas as gerações e não podem ser consideradas propriedade de uns poucos que explorem o planeta em busca do lucro imediato, ignorando os limites da natureza.

Apesar de em breve estarmos celebrando nove anos da publicação desta importante Encíclica que sintetiza a evolução e consolidação das preocupações e ações da Igreja Católica em relação ao meio ambiente, em um contexto global, daí a ênfase de que esta não é uma “Encíclica Verde”, mas uma encíclica que nos remete `a dimensão da integralidade da vida no planeta (ECOLOGIA INTEGRAL), a mesma ainda é pouco conhecida ou até mesmo DESCONHECIDA no seio da própria Igreja Católica e até mesmo rejeitada por alguns setores conservadores que julgam que a Igreja e as religiões não devem se “meter” ou se preocupar com as chamadas questões socioambientais (ecologia integral), e que a missão precípua das religiões é salvar as almas, como se nós seres humanos vivemos fora do planeta terra. Isto é uma demonstração de uma alienação profunda em relação `a dimensão teológica do que é considerado o Evangelho da Criação, muito bem refletido no Capítulo II da Encíclica Laudato Si.

Fiés, hereges, ateus e agnósticos, enfim, pouco importa no que cremos ou deixamos de crer, somos afetados pela degradação do planeta e, lamentavelmente, para saciarmos nosso estilo de vida consumista, ganancioso e perdulário, também somos responsáveis por esta destruição da natureza e pelas consequências que daí advém para as atuais e futuras gerações.

Na Laudato Si, logo em suas páginas iniciais nos deparamos com dois pensamentos chaves do Papa Francisco, o primeiro quando ele afirma;

Esta irmã (assim, como São Francisco, também Papa Francisco, considera a terra e tudo que nela existe como nossa irmã) clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nos colocou….A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado (pecado ecológico), vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos….Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada que esta “gemendo como em dores de parto….O gemido da terra é também o gemido dos pobres

O alerta de Francisco nos impõe uma reflexão mais profunda, de maneira crítica e criadora, não apenas no sentido de nossa responsabilidade pessoal, comunitária e universal quanto `as formas como nos relacionamos com a natureza e como a ganância humana está presente na origem dos problemas que estão acarretando a destruição do planeta e de todas as formas de vida na terra, inclusive a vida humana.

Outro destaque na Laudato Si que nos chama a atenção é quando Francisco nos exorta dizendo “Toda a pretensão de cuidar e melhorar o mundo requer mudanças profundas nos estilos de vida, nos modelos de produção e de consumo, nas estruturas de poder consolidadas que hoje regem as sociedades“.

Isto significa que todos os modelos econômicos, capitalistas, socialistas, comunistas ou pouco importa o nome que se lhes darmos, agem com um espírito de rapina em relação aos “recursos” da natureza e também, em relação `as relações de trabalho.

Todos esses sistemas alimentam uma máquina de propaganda e marketing que estimulam o consumismo, o desperdício, a obsolescência prematura dos bens produzidos, enfim, estimulam a chamada economia da morte e do descarte, onde o que mais importa é a acumulação do capital e dos meios de produção, seja nas mãos dos barões da economia ou do Estado, quando este passa a ser o dono dos meios de produção, seja diretamente ou através de companhias estatais, que em nome da coletividade, na verdade são apropriadas pela elite política, pela classe dominante ou pelos burocratas de partidos únicos que se apropriam do Estado e dele usufruem para a criação de privilégios e mordomias, enfim, a busca doentia por lucros e privilégios cada vez maiores, em detrimento da exclusão, pobreza e fome de bilhões de pessoas ao redor do mundo.

Com certeza que o rompimento deste círculo vicioso que está colocando em risco todos os tipos de vida no planeta passa por mudanças profundas nos paradígmas econômicos, políticos e sociais, incluindo a mudança de hábitos e estilos de vida individuais, mas, principalmente, na definição de políticas públicas que promovam mudanças também profundas nos sistemas de produção e na apropriação dos meios de produção, inclusive em relação `a questão da propriedade, como bem enfatiza o Papa Francisco em outra Encíclica, a Fratelli Tutti (03/10/2020) quando afirma;

O direito `a propriedade privada só pode ser considerado um direito universal secundário e derivado do princípio do destino universal dos bens criados (por Deus) e isto tem consequências muito concretas, que se devem refletir no funcionamento da sociedade“.

Na esteira desta reflexão o Papa nos exorta que por conseguinte, ninguém pode ser excluída, não importa a nação onde tenha nascido, e, contam menos ainda os privilégios que outros possam ter por nascerem lugares com maiores possibilidades.

Para bem cuidarmos do Planeta, da biodiversidade, das águas, dos solos, dos rios, mares e oceanos, das florestas , enfim, de todas as obras da criação que estão sendo destruídas impiedosamente, precimos de esperança e de novas utopias, para além de nosso imediatismo e ganância.

Entre essas novas utopias podemos alinhar a proposta contida na Economia de Francisco e Clara, com a ênfase de que precisamos realmar a economia, substituir a atual economia da morte por uma economia que valorize e respeite a vida; e, “pari passu” (ao mesmo tempo), precisamos também “Encantar a política”, através de uma ética do bem viver, do bem comum, do fortalecimento das Instituições democráticas que representam a garantia dos direitos humanos e também dos direitos da natureza e os direitos que as próximas gerações tem para poderem viver em um mundo socialmente mais fraterno e solidário, ecologicamente sustentável, economicamente mais igualitário e justo e politicamente mais transparente, participativo e inclusivo.

Este é o caminho que precisamos trilhar enquanto á tempo. Amanhã pode ser tarde demais. Neste contexto as religiões, as Igrejas tem um papel importante para mudar esta trajetória de destruição, sofrimento e morte!

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral.

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