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Ana Lucia Zattar Coelho: – Você já ouviu falar em plogging?

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                   Você já ouviu falar em plogging?

Autora: Ana Lucia Zattar Coelho

Plogging é uma modalidade de exercício físico criada na Suécia, junção do jogging, do inglês, correr, e ploka up, do sueco, recolher. Traduzindo, o plogging nada mais é que correr ou caminhar recolhendo resíduos.

Esses dias, caminhando a pé da minha casa para a academia, resolvi praticar o plogging. Com uma luva de borracha em uma das mãos e portando uma sacola fui testar essa nova atividade, pois a primeira vez que ouvi sobre isso pensei: por que alguém deveria juntar os resíduos deixados por outra pessoa? Porém, a cada dia me convenço de que educamos pelo exemplo e que se mudarmos nosso modo de interpretar as coisas que costumamos julgar, além de melhorar como seres humanos, podemos melhorar o mundo ao nosso redor.

O que encontrei no caminho me fez refletir sobre a relação dos resíduos coletados e o conceito de cultura corporal de movimento. Vou explicar a minha linha de raciocínio: a sociedade é como é porque as pessoas são como são. Somos o que somos também por influência dessa mesma sociedade. O que pensamos, o que consumimos e as ações que temos refletem o mundo que está aí fora. Se mudamos alguns dos fatores daquilo que estamos colocando nessa equação, o resultado seguramente será diferente.

Voltando a falar do que encontrei pelo caminho: dos resíduos coletados cito as campeãs: disparadamente, as bitucas de cigarro. Infelizmente são muitas e ficam misturadas à paisagem da cidade, contaminando o cenário depois de já terem prejudicado de forma cruel e silenciosa a saúde de seu usuário, que ainda por cima as jogou ali inapropriadamente.

Lindas e coloridas, de vários tamanhos e transparências (incluindo vasilhame, tampinhas e rótulos), as garrafinhas de plástico emplacaram a prata nesse pódio meio baixo-astral. Legal, beber água é importante, mas por que a pessoa não leva consigo a sua própria garrafinha permanente? Ah, não deu? Teve que comprar na padaria? Então descarte-a adequadamente. Hidratar-se é importante, mas cuidar da natureza é tão importante quanto! E se foi refrigerante? Vale repensar a quantidade de substâncias que não contribuem em nada para a saúde do corpo. Segundo o médico cardiologista e nutrólogo, Lair Ribeiro, a cada copo de refrigerante ingerido, são necessários 32 copos de água para equilibrar o pH do sangue. Ruim para o corpo, ruim para a natureza.

O terceiro resíduo que me chamou a atenção foram as embalagens de caixinhas tipo tetra pak, como de achocolatados com canudinhos. Seu ex-dono ingeriu uma quantidade gigante de açúcar, gorduras, espessantes e outras substâncias que não o nutriram da melhor forma. Para piorar, o usuário ainda jogou a embalagem na calçada. Perde a saúde do corpo, perde a saúde do planeta.

Fim da caminhada, início da reflexão: a relação da cultura corporal com a qualidade dos produtos consumidos e a destinação inadequada dada a cada um dos resíduos gerados reflete a complexidade do mundo onde vivemos. Percebemos que cada ação humana não é isolada e que tem consequências e autoconsequências. Por meio do plogging, pudemos constatar e concluir que devemos não só ter os cuidados com nossas práticas corporais, mas devemos também ficar atentos a tudo o que nos compõe, seja físico, social, cultural ou comportamental.

Ana Lucia Zattar Coelho é professora nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter.

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VAMOS CUIDAR MELHOR DA NOSSA “CASA COMUM”?

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Autor: Juacy da Silva*

Quando os seres humanos destroem a biodiversidade na criação de Deus, quando os seres humanos comprometem a integridade da terra e contribuem para a mudança climática, desnudando a terra de suas florestas naturais ou destruindo as suas zonas úmidas; quando os seres humanos contaminam as águas, o solo, o ar, tudo isso é pecado (ecológico)” Porque um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus. Papa Francisco, Encíclica Laudato Si, 8, 2015.

Ao escrever e publicar a Encíclica Laudato Si (Louvado seja), em 24 de Maio de 2015, mesmo ano em que foi firmado o Acordo de Paris e a ONU aprovou a Agenda 2030, com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o Papa Francisco estava dirigindo suas exortações, suas preocupações quanto aos rumos do processo acelerado de destruição do Planeta Terra, não apenas aos cristãos católicos, mais de 1,6 bilhão ao redor do mundo, de quem é o líder religioso; mas também aos demais cristãos evangélicos que totalizam 800 milhões e, também, aos 1,9 bilhão de fieis muçulmanos, 1,2 bilhão de hinduístas e meio bilhão de budistas, quase um bilhão de adeptos de outras religiões, inclusive religiões de matriz Afro ou de povos tradicionais, que, da mesma forma que os cristãos creem que a natureza, a biodiversidade, enfim, todas as formas de vida animal e vegetal são Obras da Criação (de um criador) e pertencem `a humanidade como um todo e têm uma destinação universal para todas as gerações e não podem ser consideradas propriedade de uns poucos que explorem o planeta em busca do lucro imediato, ignorando os limites da natureza.

Apesar de em breve estarmos celebrando nove anos da publicação desta importante Encíclica que sintetiza a evolução e consolidação das preocupações e ações da Igreja Católica em relação ao meio ambiente, em um contexto global, daí a ênfase de que esta não é uma “Encíclica Verde”, mas uma encíclica que nos remete `a dimensão da integralidade da vida no planeta (ECOLOGIA INTEGRAL), a mesma ainda é pouco conhecida ou até mesmo DESCONHECIDA no seio da própria Igreja Católica e até mesmo rejeitada por alguns setores conservadores que julgam que a Igreja e as religiões não devem se “meter” ou se preocupar com as chamadas questões socioambientais (ecologia integral), e que a missão precípua das religiões é salvar as almas, como se nós seres humanos vivemos fora do planeta terra. Isto é uma demonstração de uma alienação profunda em relação `a dimensão teológica do que é considerado o Evangelho da Criação, muito bem refletido no Capítulo II da Encíclica Laudato Si.

Fiés, hereges, ateus e agnósticos, enfim, pouco importa no que cremos ou deixamos de crer, somos afetados pela degradação do planeta e, lamentavelmente, para saciarmos nosso estilo de vida consumista, ganancioso e perdulário, também somos responsáveis por esta destruição da natureza e pelas consequências que daí advém para as atuais e futuras gerações.

Na Laudato Si, logo em suas páginas iniciais nos deparamos com dois pensamentos chaves do Papa Francisco, o primeiro quando ele afirma;

Esta irmã (assim, como São Francisco, também Papa Francisco, considera a terra e tudo que nela existe como nossa irmã) clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nos colocou….A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado (pecado ecológico), vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos….Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada que esta “gemendo como em dores de parto….O gemido da terra é também o gemido dos pobres

O alerta de Francisco nos impõe uma reflexão mais profunda, de maneira crítica e criadora, não apenas no sentido de nossa responsabilidade pessoal, comunitária e universal quanto `as formas como nos relacionamos com a natureza e como a ganância humana está presente na origem dos problemas que estão acarretando a destruição do planeta e de todas as formas de vida na terra, inclusive a vida humana.

Outro destaque na Laudato Si que nos chama a atenção é quando Francisco nos exorta dizendo “Toda a pretensão de cuidar e melhorar o mundo requer mudanças profundas nos estilos de vida, nos modelos de produção e de consumo, nas estruturas de poder consolidadas que hoje regem as sociedades“.

Isto significa que todos os modelos econômicos, capitalistas, socialistas, comunistas ou pouco importa o nome que se lhes darmos, agem com um espírito de rapina em relação aos “recursos” da natureza e também, em relação `as relações de trabalho.

Todos esses sistemas alimentam uma máquina de propaganda e marketing que estimulam o consumismo, o desperdício, a obsolescência prematura dos bens produzidos, enfim, estimulam a chamada economia da morte e do descarte, onde o que mais importa é a acumulação do capital e dos meios de produção, seja nas mãos dos barões da economia ou do Estado, quando este passa a ser o dono dos meios de produção, seja diretamente ou através de companhias estatais, que em nome da coletividade, na verdade são apropriadas pela elite política, pela classe dominante ou pelos burocratas de partidos únicos que se apropriam do Estado e dele usufruem para a criação de privilégios e mordomias, enfim, a busca doentia por lucros e privilégios cada vez maiores, em detrimento da exclusão, pobreza e fome de bilhões de pessoas ao redor do mundo.

Com certeza que o rompimento deste círculo vicioso que está colocando em risco todos os tipos de vida no planeta passa por mudanças profundas nos paradígmas econômicos, políticos e sociais, incluindo a mudança de hábitos e estilos de vida individuais, mas, principalmente, na definição de políticas públicas que promovam mudanças também profundas nos sistemas de produção e na apropriação dos meios de produção, inclusive em relação `a questão da propriedade, como bem enfatiza o Papa Francisco em outra Encíclica, a Fratelli Tutti (03/10/2020) quando afirma;

O direito `a propriedade privada só pode ser considerado um direito universal secundário e derivado do princípio do destino universal dos bens criados (por Deus) e isto tem consequências muito concretas, que se devem refletir no funcionamento da sociedade“.

Na esteira desta reflexão o Papa nos exorta que por conseguinte, ninguém pode ser excluída, não importa a nação onde tenha nascido, e, contam menos ainda os privilégios que outros possam ter por nascerem lugares com maiores possibilidades.

Para bem cuidarmos do Planeta, da biodiversidade, das águas, dos solos, dos rios, mares e oceanos, das florestas , enfim, de todas as obras da criação que estão sendo destruídas impiedosamente, precimos de esperança e de novas utopias, para além de nosso imediatismo e ganância.

Entre essas novas utopias podemos alinhar a proposta contida na Economia de Francisco e Clara, com a ênfase de que precisamos realmar a economia, substituir a atual economia da morte por uma economia que valorize e respeite a vida; e, “pari passu” (ao mesmo tempo), precisamos também “Encantar a política”, através de uma ética do bem viver, do bem comum, do fortalecimento das Instituições democráticas que representam a garantia dos direitos humanos e também dos direitos da natureza e os direitos que as próximas gerações tem para poderem viver em um mundo socialmente mais fraterno e solidário, ecologicamente sustentável, economicamente mais igualitário e justo e politicamente mais transparente, participativo e inclusivo.

Este é o caminho que precisamos trilhar enquanto á tempo. Amanhã pode ser tarde demais. Neste contexto as religiões, as Igrejas tem um papel importante para mudar esta trajetória de destruição, sofrimento e morte!

*Juacy da Silva, professor fundador, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia, ambientalista, articulador da Pastoral da Ecologia Integral.

– Email [email protected]
– Instagram @profjuacy
WhatsApp 65 9 9272 0052

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